Apostas sobre o próximo líder da Igreja Católica movimentam casas estrangeiras; no Brasil, prática é proibida por lei
A escolha do sucessor de Francisco como novo papa da Igreja Católica movimenta não apenas os bastidores do Vaticano, mas também o mercado internacional de apostas. Segundo estimativas de plataformas especializadas como a Polymarket, as apostas relacionadas ao conclave, processo conduzido pelos cardeais da Cúria Romana, podem ultrapassar a marca de US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 567 milhões) até a definição do novo pontífice.
A morte do papa Francisco, confirmada em abril, impulsionou a procura por esse tipo de aposta, que ocorre com baixa frequência e elevada imprevisibilidade — características que tornam esse mercado particularmente atrativo para apostadores. Só entre os dias 21 e 23 de abril, a Polymarket registrou US$ 5,4 milhões (R$ 30,6 milhões) em apostas. No dia 1º de maio, esse número já saltava para US$ 12,1 milhões (R$ 68,6 milhões).
A votação para o novo papa está marcada para começar em 7 de maio, com a reunião do colégio de cardeais no Vaticano.
Cenário imprevisível
Um levantamento realizado pela Revista Veja no site Polymarket apontam um cenário fragmentado. O favorito desta quinta-feira (1º) é o cardeal italiano Pietro Parolin, com 23% de chances, seguido por Luis Antonio Tagle, das Filipinas, com 19%. No dia da morte de Francisco, os dois candidatos tinham chances mais altas — 38% e 32%, respectivamente.
Outros nomes também aparecem no radar dos apostadores. O ganês Peter Turkson está com 15% de chances, o italiano Matteo Zuppi, com 12%, seguido pelo húngaro Péter Erdõ, com 7%, e o também italiano Pierbattista Pizzaballa, com 6%.
“Como toda ‘odd’ oferecida, é feito um cálculo matemático em cima de um conjunto de probabilidades, fechado ou aberto”, explica à Veja Ricardo Magri, especialista em iGaming com passagem pela Sportradar, empresa que fornece dados a operadoras de apostas.
Segundo ele, o cálculo considera uma série de variáveis. Se busca adicionar elementos que podem influenciar de qualquer maneira o resultado: histórico, conjunturas externas, notícias, idade dos participantes, ou qualquer tipo de informação de domínio público que possa ser inserido no cálculo para se ajustar e refinar a contagem da probabilidade, que será a base da odd oferecida.
Apostas são proibidas no Brasil
Apesar do interesse crescente, o mercado de apostas sobre o conclave é restrito a plataformas internacionais, principalmente sediadas no Reino Unido e nos Estados Unidos. No Brasil, a prática é proibida com base na Lei nº 14.790/2023, que regulamentou o setor no país.
A legislação vigente permite apenas apostas em eventos esportivos reais e jogos virtuais com resultados aleatórios, deixando de fora qualquer aposta ligada a temas políticos ou religiosos.