Segundo painel do dia destacou a função social das loterias para as cidades
As loterias municipais podem transformar a economia das cidades, gerar empregos e garantir mais transparência na aplicação dos recursos arrecadados. Essa foi a principal mensagem do painel “As Loterias e sua Função Social na Economia Brasileira”, realizado nesta segunda-feira (5), segundo debate do primeiro dia do I Congresso Nacional de Loterias Municipais, no Rio de Janeiro.
O debate contou com a participação de Hiago Piau, vice-presidente da Analome (Associação Nacional das Loterias Municipais), e de Fred Justo, ex-coordenador de monitoramento de lavagem de dinheiro da Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda. Ambos reforçaram a importância da estruturação do setor nos municípios e do fortalecimento da fiscalização para garantir segurança e retorno social.
Sumário
Retorno direto à cidade
Hiago Piau defendeu a regulamentação das loterias municipais como forma de autonomia financeira e desenvolvimento sustentável dos municípios. Segundo ele, a implementação de modelos locais pode trazer receitas superiores a R$ 1 milhão por ano para pequenas cidades — recursos que, sem esse modelo, dependeriam de articulação política com deputados e senadores.
“O dinheiro arrecadado pelas loterias municipais gira na cidade, é devolvido à cidade e transforma a cidade. Não se trata apenas de arrecadação, mas de função social”, afirmou Hiago.
Ele ressaltou que municípios com estruturação própria podem alcançar resultados superiores aos obtidos atualmente pelas loterias federais. “Já existem cidades que arrecadam com seus modelos, e isso é um fato, não teoria”, completou.
Falta de fiscalização amplia riscos
Fred Justo alertou para os riscos da ausência de regulação e fiscalização sobre operadores que atuam em diferentes cidades sem controle local. Ele citou o caso de operadores que movimentam valores elevados e possuem certificações internacionais caras, como GLI e KYC, mas que ainda operam de forma questionável.
“Como garantir que uma empresa licenciada fora do município tenha responsabilidade sobre aquele território?”, questionou. Ele lembrou que, em casos recentes de investigação, como a do atacante do Flamengo, Bruno Henrique, a colaboração dos operadores foi fundamental para identificar práticas irregulares.
Fred também defendeu que a organização local é essencial para evitar fraudes. “Há operadores que, se alguém bater à porta, já é possível verificar que o endereço da empresa não corresponde ao informado. É um setor que já sofre com preconceitos e externalidades. Por isso, a transparência precisa estar na base da atuação dos entes locais“, explicou.
Loteria como ferramenta de justiça social
Os participantes do painel defenderam ainda que as loterias, quando bem reguladas, cumprem um papel fundamental na geração de emprego, financiamento de políticas públicas e fortalecimento da economia local.
“Quando o município tem sua loteria estruturada, ele depende menos de transferências obrigatórias ou emendas parlamentares. É um modelo que democratiza o acesso ao recurso público”, concluiu Hiago Piau.