Zagueiro Paulo Miranda foi suspenso por 720 após ser acusado de receber R$ 60 mil para ser advertido com um cartão amarelo
O ex-zagueiro Paulo Miranda, com passagens por Grêmio e Náutico, está de volta ao futebol após cumprir dois anos de suspensão aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A punição ocorreu no âmbito da Operação Penalidade Máxima, que investigou manipulação de resultados em partidas do futebol brasileiro e que suspendeu 33 jogadores profissionais. Destes, 28 já estão liberados para voltar a atuar.
Em entrevista exclusiva ao influenciador Cartolouco, Paulo Miranda, atualmente no Brasília FC, falou sobre a expectativa de retorno aos gramados, lembrou as dificuldades enfrentadas durante o período afastado e deixou um alerta às novas gerações de jogadores.
“De muita alegria, às vezes dá vontade de chorar”, disse, ao comentar a sensação de voltar a jogar. O atleta ainda falou sobre o momento em que percebeu que a situação havia se complicado. “Foi no Náutico ainda. Cheguei nos caras e falei o que tinha acontecido”, afirmou.
Mesmo sem poder entrar em campo, o jogador afirmou que manteve a rotina de treinos. Ele revelou também os comentários que ouviu durante o período afastado.
“Disseram para mim ‘já encerrou a carreira‘, ‘não volta mais a jogar bola‘. Até pela idade que eu estava, na época com 34, e ao fim da punição já estaria com 36″, falou.
A pressão externa, segundo ele, foi um dos maiores desafios. “Me chamaram de bandido, vai se aposentar, jogador de aposta. Eu procurei nem ficar vendo tudo que saía na internet. Fiquei dois, três, meses sem ver nada”, lamentou.
Miranda destacou que clubes podem ter alguma cautela no retorno, especialmente pela questão física, mas garantiu que está pronto. E admitiu que sofreu ao acompanhar críticas nas redes sociais.
“Tristeza. Não saia para fora de casa. Até pensava se eu pulasse da janela ia me machucar. Os amigos se afastaram”, contou.
O jogador ainda fez questão de dar um conselho aos atletas mais novos. “Espero que os jovens de hoje em dia não façam o que eu fiz, sejam fiéis ao futebol. Eu, hoje em dia, me arrependo muito”, afirmou.
Questionado sobre possíveis propostas, disse que não descartaria atuar em nenhuma divisão. “Se aparecer C, eu vou, B, vou, A, vou, D vou também, o que eu quero fazer é voltar a jogar futebol, só isso”, garantiu.
Operação Penalidade Máxima
A Operação Penalidade Máxima foi deflagrada em fevereiro de 2023 pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), com apoio do GAEsCO e do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos de Futebol (GFUT). O objetivo era investigar esquemas de manipulação de resultados em jogos do futebol brasileiro para favorecer apostas esportivas.
Segundo as denúncias, jogadores recebiam valores para cometer lances específicos, como cartões, pênaltis e até influenciar escanteios e placares. No caso de Paulo Miranda, ele foi acusado de receber R$ 60 mil para tomar cartões amarelos em partidas contra Goiás e Fortaleza pelo Brasileirão de 2022.
Pelo STJD, o atleta foi condenado a 720 dias de suspensão e ao pagamento de R$ 70 mil em multa. A decisão foi revisada em pleno, mas a pena foi mantida, afastando-o dos gramados por dois anos.
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