NFL reforça regras de apostas para dirigentes de equipes após escândalo de manipulação

A NFL distribuiu um memorando aos dirigentes das 32 franquias detalhando novas orientações e limites para apostas relacionadas à liga. O documento foi enviado dias após uma investigação federal que resultou em acusações criminais envolvendo atletas da NBA e da MLB por participação em esquemas de manipulação e fraude em jogos de azar.

Segundo informações divulgadas pelo repórter Tom Pelissero, da NFL Network, o memorando afirma que a liga vem trabalhando em conjunto com legisladores estaduais, reguladores e operadores de apostas para restringir e, sempre que possível, proibir determinados tipos de apostas prop (as chamadas prop bets), consideradas de maior risco para a integridade competitiva.

Sumário

• 1 Ligas querem reduzir riscos 
• 2 Monitoramento reforçado
• 3 Casos recentes
• 4 Escândalos em outras ligas intensificam pressão

Ligas querem reduzir riscos 

No documento, a NFL destaca que suas parcerias comerciais estão sendo atualizadas para impedir mercados de apostas que se relacionem a condutas identificadas como problemáticas pelas autoridades federais. De acordo com o memorando, há conversas regulares com órgãos estaduais para garantir que restrições adicionais sejam implementadas sempre que necessário.

A orientação inclui uma lista de apostas proibidas pela liga, divididas em quatro categorias principais:

• Apostas inerentemente ofensivas: mercados considerados inflamatórios ou contrários ao interesse público, como apostas sobre lesões de jogadores, segurança de torcedores ou condutas inadequadas.

• Apostas relacionadas a árbitros: envolvendo decisões, punições, atribuições ou revisões de jogadas.

• Apostas decididas por apenas uma ação individual: quando o resultado pode ser totalmente determinado por uma única pessoa em um único lance, como a primeira tentativa de passe de um quarterback ou um chute de field goal perdido.

• Apostas sobre resultados pré-determinados: como previsões sobre quem iniciará como titular ou se a primeira jogada será corrida ou passe — decisões que podem ser conhecidas antes do jogo.

Apesar das novas diretrizes, reportagem de David Purdum, da ESPN, afirma que não são esperadas mudanças significativas no menu geral de apostas oferecido por sportsbooks nos EUA, já que muitos desses mercados já não eram disponibilizados.

Monitoramento reforçado

Além das restrições, o material enviado pela liga detalha medidas internas adotadas para prevenção de irregularidades. Entre elas está a recomendação de que cada equipe contrate ex-agentes policiais para monitoramento de comportamentos suspeitos. O documento também menciona uma “unidade especializada da NFL” responsável por acompanhar redes sociais e possíveis ameaças internas relacionadas a apostas.

Casos recentes

O memorando chega em meio a um histórico recente de punições aplicadas pela NFL por violações de suas regras sobre apostas. Em 2023, cinco jogadores foram suspensos — entre eles o wide receiver Jameson Williams, do Detroit Lions, penalizado por realizar apostas em partidas de futebol americano universitário dentro das instalações da equipe. Embora não tenha apostado em jogos da NFL, ele violou o regulamento que proíbe qualquer tipo de aposta em dependências da liga.

Casos de anos anteriores, como o de Calvin Ridley, suspenso por toda a temporada de 2022 por apostar em jogos da NFL em 2021, também são citados como exemplos de punição rigorosa. Ridley se tornou o quinto atleta da história da liga a sofrer suspensão relacionada a apostas esportivas, ao lado de Josh Shaw (2019), Alex Karras (1963), Paul Hornung (1963) e Art Schlichter (1983).

Escândalos em outras ligas intensificam pressão

O envio do memorando ocorreu menos de um mês após um caso de grande repercussão envolvendo o armador da NBA Terry Rozier, preso pelo FBI junto a mais de 30 pessoas por suposta participação em esquemas ilegais de apostas. Segundo promotores, Rozier teria compartilhado informações privilegiadas sobre sua saída antecipada de um jogo em março de 2023, enquanto co-participantes apostaram mais de US$ 200 mil.

Situação similar atingiu recentemente a MLB: os arremessadores Luis Ortiz e Emmanuel Claes, do Cleveland Guardians, foram detidos e acusados de conspiração para influenciar competições esportivas por meio de suborno e lavagem de dinheiro. De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, os atletas teriam participado de um esquema para lançar bolas fora da zona propositalmente, ajudando apostadores a lucrar mais de US$ 400 mil.