Polícia Federal investiga uso indevido de CPFs em sites de apostas
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, afirmou nesta terça-feira (15) que a quantidade de beneficiários do Bolsa Família que fazem apostas online é pequena, especialmente quando comparada ao total de brasileiros que afirmam jogar. A declaração foi feita durante participação no programa Bom Dia, Ministro, transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação.
Segundo Dias, investigações da Polícia Federal estão em andamento para apurar o uso indevido de CPFs de beneficiários do programa em sites de apostas, possivelmente como parte de esquemas de lavagem de dinheiro. A apuração teve início após uma análise técnica do Banco Central, divulgada no ano passado, indicar que cerca de 5 milhões de pessoas pertencentes a famílias inscritas no Bolsa Família teriam enviado aproximadamente R$ 3 bilhões para empresas de apostas por meio de transferências via Pix.
“Quando o Banco Central divulgou o volume que ele encontrou, eu suspeitei, porque não batia com os dados cruzados com o nosso sistema de monitoramento do Bolsa Família. E ali pedi uma investigação à Polícia Federal. Se tem um volume de dinheiro que não bate com os que estão usando o cartão do Bolsa Família, então tem alguém que pode estar usando o CPF, e isso está em andamento”, afirmou o ministro.
Dias relatou ainda que as autoridades já identificaram indícios de fraudes envolvendo lavagem de dinheiro com uso de CPFs de terceiros, em alguns casos sem o conhecimento dos titulares.
“Hoje já se tem as primeiras provas de que muitas vezes faziam lavagem de dinheiro usando o CPF de uma outra pessoa que nem sabia. Porque a movimentação era um volume que não tem nem cabimento. A pessoa dizia assim: ‘Deus me livre de ter esse tanto de dinheiro’. Ou seja, ela nem desejava ter esse tanto de dinheiro”, declarou.
O ministro também reforçou que a fiscalização será rigorosa e que o foco do governo é garantir direitos sem abrir mão da responsabilização em casos de irregularidade.
“Nós queremos alcançar todas as pessoas que ainda não alcançamos e que estão aí passando necessidade. Mas também garantir o cumprimento da lei. Onde tiver fraude, onde tiver qualquer crime, a gente vai agir e agir de maneira muito firme. Eu acho que a gente precisa ter um cuidado para não criar um preconceito em relação a esse público que já sofre inúmeros preconceitos”, disse.
Beneficiários x apostadores
Durante a entrevista, Wellington Dias citou dados do relatório do Banco Central e detalhou a diferença proporcional entre a população geral e os beneficiários do Bolsa Família no que se refere às apostas online.
“O Brasil vive um problema dramático, eu chamo a atenção. Nós estamos falando de aproximadamente 52% da população que joga. E quando a gente olha o público do Bolsa Família que utilizou o cartão, utilizou ali os recursos, 3,4%. Então tem aqui uma distância muito grande”, pontuou.
Medidas de controle
Wellington Dias explicou que o governo federal vem adotando medidas para evitar o uso do dinheiro do benefício em apostas, incluindo restrições nos cartões de crédito e ações conjuntas com o Ministério da Saúde para tratar casos de dependência em jogos.
“O dinheiro, todo mundo sabe, é para a insegurança alimentar, para as necessidades da família. E o que fizemos? Adotamos medidas que valeram para todos os cartões de crédito, para não se ter mais o uso”, explicou.
Segundo o ministro, cerca de 190 mil pessoas estão sendo acompanhadas por apresentarem comportamento associado à dependência em apostas.
“São aquelas pessoas que jogam quase que todo dia. É um vício, vamos chamar assim. Então a gente cuida de dependentes químicos, dependentes de drogas, por exemplo, a dependência de jogos, a gente cuida. O Ministério da Saúde tem uma rede, e é um tratamento complexo. Muitas vezes aquilo desmantela a própria família”, afirmou.
De acordo com Wellington Dias, a estimativa é de que R$ 30 bilhões por mês estejam sendo movimentados em apostas no país, o que, segundo ele, demanda atenção das autoridades e políticas públicas mais robustas.
“Então é algo que eu acho que o país tem que se debruçar e encontrar aí uma alternativa“, concluiu.
*Com informações da Agência Gov