Imagens divulgadas pelo GE mostram mensagens entre o jogador e familiares sobre cartões e apostas
O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal por suposta manipulação de resultado para favorecer apostadores. O caso ganhou nova dimensão com a divulgação de imagens de conversas no WhatsApp pelo portal Metropoles que mostram o jogador trocando mensagens com familiares sobre cartões recebidos durante jogos — especialmente a advertência que ocorreu contra o Santos, pelo Brasileirão de 2023.
Nas mensagens, o irmão do atleta, Wander Júnior, pergunta sobre a contagem de cartões amarelos e pede para ser avisado quando o terceiro cartão fosse receber:
– “Tá com 2 de novo hein 👀👀👀… Quando for o 3 avisa eu kkkkk”
Bruno Henrique responde com espanto:
– “Caraca me chamou pra falar isso… Tá de brincadeira né”
Há também indícios de conversas sobre movimentações financeiras relacionadas a apostas. Wander afirma que está precisando de R$ 1 mil para apostar, e Bruno comenta:
– “Tem que ter 10k todo final de semana”
“Tô vendo aqui já… Você não dá”
Em outra troca, Bruno Henrique afirma diretamente:
– “Negócio de aposta aqui”
O conteúdo ainda mostra que a advertência em campo estava sendo articulada com antecedência. Em uma das conversas, Wander Júnior pergunta se Bruno Henrique está com dois cartões no Brasileirão. Ao ouvir a confirmação, rebate:
-“Quando o pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk”
O atacante responde: “Contra o Santos”
Outro diálogo chama atenção pela resposta ambígua de Bruno Henrique quando questionado sobre o motivo de uma transação:
– Wander: “Tá apostando vitória ou cartão algo assim”
Bruno: “Não é nada disso não… Parada de cavalo”
A expressão “parada de cavalo” chamou a atenção dos investigadores por ser usada como possível código interno para se referir às operações de aposta.
Há ainda referências explícitas à partida contra o Santos, no Brasileirão de 2023. Em uma conversa datada de 29 de agosto de 2023, Wander pergunta:
– “O tio você está com 2 cartões no Brasileiro?”
Bruno confirma e completa:
– “Contra o Santos”
O jogo citado foi disputado no dia 1º de novembro, em Brasília, quando o Flamengo perdeu por 2 a 1. Bruno Henrique entrou em campo pendurado com dois cartões e acabou recebendo o terceiro nos acréscimos, após falta e reclamação com o árbitro, sendo em seguida expulso.
Segundo a PF, 98% das apostas em cartões naquela partida foram direcionadas ao nome do jogador em uma das casas de apostas monitoradas. Outras duas operadoras também relataram suspeitas.
Essas mensagens foram utilizadas pela Polícia Federal para embasar o indiciamento do jogador, que também envolve familiares e amigos, totalizando dez pessoas. Bruno Henrique e seu irmão, Wander, foram indiciados por fraude esportiva (artigo 200 da Lei Geral do Esporte) e estelionato, com penas que podem variar de dois a seis anos de prisão. Os demais envolvidos foram indiciados por estelionato.
Confira as imagens!
Entenda o caso
As investigações começaram em agosto de 2024, após operadoras de apostas relatarem movimentações suspeitas relacionadas a apostas em cartão amarelo de Bruno Henrique. De acordo com os dados apurados, até 98% das apostas de cartões no jogo contra o Santos estavam concentradas no nome do atacante, o que gerou alertas em plataformas do setor.
Bruno Henrique foi advertido nos acréscimos daquele jogo, quando o Flamengo já perdia por 2 a 1, e acabou sendo expulso após reclamação ao árbitro. A Polícia Federal também encontrou trocas de mensagens em que se discutem valores altos e uso de contas de terceiros para transferências.
Em nota oficial, o Flamengo defendeu o processo legal no caso.
“O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa”, afirmou.
