Cerca de 15% da população teriam feito apostas online em 2024, contra 4% que investiram em criptoativos
O mercado de apostas esportivas online teriam atraído quatro vezes mais brasileiros do que o mercado de criptomoedas em 2024. A constatação é do 8º Raio-X do Investidor Brasileiro, levantamento realizado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
De acordo com o estudo, 15% da população realizou algum tipo de aposta online ao longo do ano passado, enquanto apenas 4% investiram em criptomoedas. Em termos absolutos, cerca de 23 milhões de brasileiros participaram de apostas online, um crescimento modesto de 1% em relação a 2023, dentro da margem de erro da pesquisa.
Apesar da alta adesão, o número de pessoas que veem as apostas como forma de investimento caiu: apenas 16% dos apostadores atuais consideram essa prática como uma aplicação financeira, frente aos 22% registrados no ano anterior.
Perfil dos apostadores
O estudo mostra que a maioria dos apostadores (53%) não possui nenhum outro tipo de investimento e quase metade (47%) está endividada. “Analisando os resultados sob outra perspectiva, identifica-se que uma em cada cinco pessoas endividadas fez alguma aposta em 2024”, pontua o relatório.
Os principais motivos que levam os brasileiros às plataformas de apostas são a promessa de ganhos rápidos e em grande volume. O entretenimento, apesar de ainda presente, é uma motivação secundária.
O perfil predominante é o de homens jovens. Dois terços dos apostadores são do sexo masculino, com destaque para a Geração Z (16 a 28 anos), que representa 25% do total. Os Millennials (29 a 43 anos) vêm logo em seguida, com 21%. Em termos de classe social, os maiores percentuais de adesão estão na Classe C (17%) e A/B (16%), enquanto a Classe D/E representa 10%.
O gasto médio mensal é de R$ 216, mas esse valor sobe consideravelmente entre os que apostam semanalmente. A recorrência também está associada a comportamentos de risco: 60% dos entrevistados afirmaram que tentaram recuperar perdas com novas apostas, e 40% relataram sentimento de culpa em relação ao próprio comportamento.
Propensão ao vício
O levantamento traz ainda uma análise específica sobre a propensão ao vício em apostas. Cerca de 3 milhões de brasileiros (10% dos apostadores) apresentam indícios fortes de comportamento compulsivo. Entre esses, o gasto médio mensal salta para R$ 683,64. A maioria pertence à faixa etária dos Millennials, e 21% ainda consideram apostas uma forma de investimento.
Cerca de 30% admitiram gastar mais do que podiam perder, e 10% chegaram a recorrer a empréstimos ou vender bens para manter o hábito de apostar.
Mercado de criptoativos
Apesar do crescimento vertiginoso dos criptoativos nos anos anteriores, a adesão a esse mercado se manteve estável em 2024, após dobrar entre 2021 e 2023. Os dados indicam que o público das apostas é mais diversificado do que o de criptomoedas, ainda restrito a um nicho masculino, jovem e com maior conhecimento sobre o mercado financeiro.
Enquanto investidores em cripto geralmente buscam valorização a longo prazo e diversificação de portfólio, os apostadores estão mais ligados a soluções imediatas e emergenciais, como pagamento de dívidas.
A 8ª edição do Raio-X do Investidor Brasileiro entrevistou 5.846 pessoas com 16 anos ou mais entre os dias 4 e 22 de novembro de 2024, abrangendo todas as regiões do país e diferentes faixas sociais. A margem de erro é de 1% e o nível de confiança é de 95%.