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I Congresso de Loterias Municipais: Especialistas defendem jogo responsável como princípio fundamental para sustentabilidade da indústria de apostas

  • Última modificação do post:6 de maio de 2025
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Quarto painel do dia destacou a importância da tecnologia e do cuidado individualizado para prevenir a compulsão

O conceito de jogo responsável deixou de ser uma estratégia de marketing e passou a ocupar papel central na regulação e operação da indústria de apostas. A avaliação foi feita pelos participantes do quarto painel do I Congresso Nacional de Loterias Municipais, realizado nesta segunda-feira (5), no Rio de Janeiro. Sob o tema “Jogo Responsável e a Sustentabilidade da Indústria de Jogos e Loterias”, especialistas discutiram práticas e soluções tecnológicas para proteger apostadores e garantir a integridade do setor.

Para o advogado Filipe Alves Rodrigues, presidente da Associação Brasileira do jogo Positivo (AJP), o jogo responsável nasceu com o ambiente físico, quando operadores passaram a limitar tempo e valores de apostas como forma de demonstrar preocupação com os clientes.

“No início, era marketing. Hoje, é princípio. Um valor que permeia toda a estrutura legal do setor, seja em loterias, cassinos físicos ou plataformas online”, afirmou.

Ele destacou que o fortalecimento de políticas de responsabilidade acompanha o avanço de exigências ambientais, sociais e de governança (ESG). “Negócios que não valorizam o indivíduo e a sociedade não têm como prosperar“, pontuou.

O debate contou também com a participação de Camilo Roma de Brito, prefeito de Bodó (RN) e presidente da Associação Nacional das Loterias Municipais (Analome). Ele afirmou que é possível implementar medidas de proteção ao jogador a partir dos contratos firmados entre os municípios e as empresas concessionárias.

“Já existem ferramentas capazes de cruzar o valor jogado com a renda declarada da pessoa. Esse tipo de medida é fundamental para evitar o endividamento e proteger a população“, defendeu.

Com experiência no mercado de pagamentos, o diretor comercial da Paymee, Conrado Caon, apresentou números que acenderam o alerta: 15% da população brasileira realizou pelo menos uma aposta online, segundo levantamento citado pela Anbima. Desses, 12% apresentaram algum indício de comportamento compulsivo.

Para enfrentar o problema, a empresa desenvolveu sistemas de monitoramento baseados em inteligência artificial e capazes de operar em tempo real. “Hoje trabalhamos com 14 das 20 maiores casas de apostas que atuam no país. Nosso foco é prevenir. Não adianta fechar a porta depois de arrombada”, afirmou.

Caon detalhou que o sistema atribui pontuações de risco aos usuários com base em mudanças de padrão, como o aumento do tempo de jogo, variação do tipo de aposta e alterações nos horários de acesso.

“Com essas informações, conseguimos alertar o apostador sobre comportamentos fora da curva e oferecer mecanismos de conscientização antes que o problema se agrave”, explicou.

CEO da Betpilot, João Victor Wallach de Godoy destacou que medidas de exclusão do jogador com indícios de ludopatia não são eficazes sozinhas.

Bloquear a conta não resolve. Ele vai procurar outra casa. É preciso ir além e criar um tratamento individualizado com base nos dados”, afirmou. O executivo apontou que tecnologias de rastreio e algoritmos já permitem identificar quando um jogador muda drasticamente seus hábitos, inclusive ao buscar formas alternativas de financiamento.

“A soma de variáveis — tempo, valor, jogo escolhido, frequência — oferece um panorama muito mais preciso e permite um controle mais efetivo”, completou.

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