Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), solicitou celeridade à PF
A Polícia Federal abriu uma investigação para apurar denúncias de propina envolvendo empresários do setor de apostas esportivas online e o lobista Silvio Assis, conhecido por sua atuação nos bastidores de Brasília. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a investigação foi motivada por relatos de que Assis teria solicitado R$ 50 milhões a um empresário para evitar sua convocação e possível indiciamento na CPI das Bets, atualmente em curso no Senado.
Silvio Assis nega as acusações. À Folha de S.Paulo, ele afirmou que estava produzindo um documentário sobre apostas para plataformas de streaming e alegou que a negociação com um empresário do setor para representação institucional não avançou. “Não sou senador ou membro da CPI para extorquir alguém”, declarou.
A CPI das Bets, presidida pelo senador Hiran Gonçalves (PP-RR) e relatada por Soraya Thronicke (Podemos-MS), foi instalada em novembro para investigar irregularidades em apostas esportivas, incluindo lavagem de dinheiro e impacto financeiro nas famílias.
Silvio Assis, que já foi preso pela Polícia Federal em 2018, mantém ligações próximas com membros do Senado. Ele admitiu amizade com congressistas e afirmou que não há elementos para incriminá-lo.
Senadora se defende
A senadora Soraya Thronicke está no centro do debate, já que a irmã e o genro de Silvio estão lotados em seu gabinete. Ela afirma que as contratações foram baseadas em critérios técnicos e nega qualquer envolvimento em pedidos de propina.
Em nota à Folha de S.Paulo, a parlamentar afirmou que os acusadores terão que provar as denúncias. “Dizer que meu nome tem sido usado para pedir propina é uma acusação grave. Autorizo, desde já, a quebra de meus sigilos fiscais, bancários e telemáticos. Quem afirma isso terá que apresentar provas“, disse.
Soraya relatou ainda que há uma campanha de desinformação em curso para abalar sua credibilidade, inclusive com participação de políticos. “Há várias pessoas poderosas, inclusive políticos, envolvidas em crimes de lavagem de dinheiro por meio de bets, que estariam ‘gastando milhões na mídia para tentar abalar a minha credibilidade‘, o que não vão conseguir. Estou inteiramente à disposição para esclarecer qualquer dúvida”, completou.
Desdobramentos no Senado
As denúncias foram levadas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que solicitou celeridade nas apurações à Polícia Federal. Segundo a Folha de S.Paulo, Pacheco considerou o caso grave e uma ameaça à imagem da instituição e dos parlamentares.
Enquanto isso, o vice-presidente da CPI das Bets, Alessandro Vieira (MDB-SE), formalizou um pedido à Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar as denúncias. “Os potenciais fatos acima relatados, devido à sua gravidade, merecem investigação imediata para responsabilização dos envolvidos, sejam públicos ou privados”, afirmou.
Regulação
A CPI das Bets ocorre paralelamente à CPI de Manipulação de Jogos, que investiga suspeitas de manipulação em partidas de futebol. A regulamentação das apostas esportivas no Brasil, uma das metas da CPI das Bets, segue sendo debatida, com críticas à falta de regras claras e controle estatal sobre o setor.
“É preciso trabalhar para regulamentar essa jogatina desenfreada. As investigações são essenciais para restaurar a confiança no setor e nas instituições”, declarou o parlamentar Hiran Gonçalves.