Militares participaram de audiência publica na Comissão de Esporte do Senado
O esporte militar brasileiro colocou na mesa da Comissão de Esporte a reivindicação de participação na divisão dos recursos arrecadados pelas bets. A solicitação foi apresentada durante audiência realizada na Comissão de Esporte do Senado, nesta quarta-feira (6), pelo general Paulo Afonso de Melo, presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil.
De acordo com participantes da audiência, programas militares de incentivo ao esporte, como o Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento, enfrentam falta de previsibilidade orçamentária e risco de descontinuidade. O programa citado foi responsável por 11 das 20 medalhas conquistadas pelo Brasil nas Olimpíadas de Paris, ressaltaram os debatedores.
Os responsáveis pelos programas afirmaram que a manutenção das iniciativas depende de parcerias, contribuições, emendas parlamentares e até de cortes nos orçamentos do Ministério da Defesa e das três Forças. Em vários casos, setores das Forças Armadas abrem mão de militares destinados à atividade-fim para que esses profissionais passem a atuar como atletas vinculados aos programas.
Além de atender atletas de rendimento, o Ministério da Defesa também mantém iniciativas voltadas a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e com deficiência. Segundo informações do ministério, o programa Força no Esporte atende crianças e adolescentes da rede pública em 125 cidades brasileiras, enquanto o João do Pulo, voltado a crianças e adolescentes com deficiência, atua em 18 cidades. Juntos, esses programas já beneficiaram 300 mil crianças.
Embora a Lei Geral do Esporte reconheça o esporte militar como subsistema do Sistema Nacional do Esporte, os programas militares não foram incluídos entre os entes beneficiados pela chamada Lei das Bets, situação que motivou a reivindicação na audiência.
A senadora Leila Barros (PDT-DF), presidente da comissão e autora do requerimento para a audiência, e o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) comprometeram-se a levar o tema ao relator da medida provisória que redistribui os recursos das bets, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
Durante a sessão também foi registrado um diagnóstico sobre a relação entre o financiamento privado e o esporte.
“As bets hoje são uma realidade dentro do esporte. Hoje, as bets são o principal patrocinador do futebol e de praticamente todas as modalidades no país. Existe um casamento, mas esse casamento tem que ser regrado. A gente sabe que as bets estão viciando o país, e é ruim, isso. Mas sei que o cobertor para o esporte é curto”, destacou.
A audiência contou com a participação de atletas de alto rendimento, atletas paraolímpicos, representantes do Comitê Paralímpico Brasileiro e de crianças e jovens atendidos pelos programas das Forças Armadas no Distrito Federal.