Tentativas de fraudes em apostas online aumentaram significativamente no último ano, impulsionadas por inteligência artificial
As plataformas de apostas online enfrentam um cenário cada vez mais complexo e desafiador em relação à segurança digital e à conformidade regulatória. Segundo o relatório “State of Identity Verification in the iGaming Industry 2025”, elaborado pela empresa global de verificação de identidade Sumsub, as tentativas de fraude digital aumentaram significativamente no último ano, impulsionadas por tecnologias emergentes como inteligência artificial, vídeos deepfake e manipulação de documentos.
Sumário
Crescimento das fraudes em apostas online
O estudo revela que fraudes impulsionadas por IA já são uma das principais ameaças para operadores de apostas esportivas e cassinos online. Entre os métodos mais comuns utilizados por criminosos estão:
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Criação de identidades falsas com uso de documentos adulterados digitalmente;
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Produção de vídeos deepfake que imitam rostos humanos em tempo real;
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Tentativas de burlar os sistemas de verificação (KYC) com identidades sintéticas e dados reciclados.
Um dado alarmante do relatório mostra que a maioria das fraudes se concentra em determinados horários, especialmente durante as primeiras horas da manhã — entre as 4 e 8 da manhã — e aos finais de semana, quando as equipes de compliance e suporte das operadoras estão com menor efetivo.
Os dados revelam que a maior incidência de fraudes no setor ocorre na etapa de depósito, representando 41,9% dos casos, seguida por saques, com 23,8%, e onboarding/registro, com 22,9%. Já as tentativas durante o jogo (in-game) aparecem em menor escala, somando 11,4%. Essa distribuição mostra que os pontos mais críticos para operadores estão relacionados ao fluxo financeiro e à entrada de usuários, indicando a necessidade de reforçar medidas de verificação de identidade, monitoramento de transações e mecanismos antifraude nessas fases.
Brasil entre os destaques
O relatório também apresenta um panorama por regiões. Em países como Brasil, Índia e Filipinas, onde o setor de apostas está em rápida expansão ou em processo de regulamentação, o crescimento das fraudes foi ainda mais expressivo. A ausência ou fragilidade de regulamentações específicas de verificação de identidade contribui para que esses mercados se tornem alvos preferenciais de redes criminosas.
O estudo destacou que mercado brasileiro de apostas passou por uma transformação rápida, saindo da informalidade para um modelo regulado em janeiro de 2025, atendendo cerca de 20 milhões de jogadores. A instituição também destacou as exigências de licenciamento e transparência financeira, tributação sobre a receita bruta, restrições severas à publicidade para proteger menores, medidas robustas de proteção ao jogador e conformidade obrigatória com políticas de combate à lavagem de dinheiro. Além disso, também apontou necessidade de biometria facial no registro e certificações de segurança, como ISO 27001. E em caso de descumprimento as operadoras estão sujeitas a multas de até R$ 2 bilhões.
No caso do Brasil, onde o processo regulatório avança em 2025, o país está enfrentando fraudes com deepfake em uma taxa 5 vezes maior que a dos EUA e 10 vezes maior que a da Alemanha.
Maiores riscos
De acordo com a pesquisa, os maiores riscos de fraude enfrentados pelas empresas hoje estão relacionados à fraude de identidade e lavagem de dinheiro, ambos apontados por 64,8% dos respondentes, seguidos de perto pelo abuso de bônus, com 63,8%. Outras ameaças incluem a fraude de pagamento, citada por 31,4%, e os sequestros de conta, que representam 23,8% das preocupações.
KYC
O tempo médio de verificação no setor de iGaming tem melhorado consistentemente, caindo de 32 segundos em 2023 para 25 segundos em 2025, com os operadores líderes já registrando tempos inferiores a 25 segundos. Essa redução cria uma vantagem competitiva significativa, pois diminui a fricção no processo de registro, melhorando a experiência do usuário e aumentando as taxas de aquisição e retenção de jogadores.
Práticas recomendadas
Para lidar com esse cenário, a Sumsub aponta que os operadores de iGaming mais bem-sucedidos já estão adotando tecnologias de verificação de identidade mais sofisticadas, com destaque para:
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Checagem biométrica facial em tempo real, com detecção de movimentação ocular e expressões;
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Análise de documentos com IA capaz de identificar camadas digitais falsas, fontes alteradas e zonas de manipulação;
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Monitoramento contínuo das transações, com sistemas de alerta para padrões de comportamento suspeitos;
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Autenticação multifatorial (MFA) em todas as etapas críticas da jornada do usuário — especialmente em saques e mudanças de conta;
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Avaliação contínua de risco por geolocalização, dispositivos e padrões históricos de comportamento.
A empresa também enfatiza que a prevenção proativa é mais eficaz e barata do que lidar com as consequências de uma violação. De acordo com o levantamento, operadoras que adotam camadas robustas de verificação registraram até 80% menos perdas financeiras causadas por fraudes, além de obterem maior confiança por parte de reguladores e parceiros comerciais.
Compliance como diferencial
Com o avanço da regulamentação em mercados emergentes — como o Brasil —, o relatório reforça que a verificação de identidade deixa de ser um mero requisito legal e passa a ser um diferencial competitivo. Operadores que priorizam políticas sólidas de compliance e proteção ao usuário terão mais chances de obter licenças, conquistar mercados e estabelecer parcerias sustentáveis.
Além disso, práticas como a verificação recorrente de usuários antigos, o uso de IA defensiva e a integração de políticas de jogo responsável com prevenção à fraude se tornam pilares de uma operação ética e resiliente.
“A confiança dos jogadores começa na segurança. Quem ignora isso, corre o risco de perder não só dinheiro, mas também reputação“, destacou a Sumsub.