João Campos (PSB), prefeito de Recife, também conta com apoio de casas de apostas nos eventos culturais locais
A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) apagou e depois republicou uma postagem em que criticava o patrocínio de sites de apostas às festas juninas na cidade de São Paulo. O caso ganhou repercussão por envolver também o prefeito de Recife, João Campos (PSB), namorado da parlamentar, cuja gestão também conta com apoio de casas de apostas nos eventos culturais locais.
Na publicação original, intitulada “Bet é Cultura?”, Tabata apontava que os festejos na capital paulista estariam se tornando “uma peça de divulgação de um mercado bilionário”, referindo-se à atuação da empresa Vai de Bet durante as festividades em espaços públicos.
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“A marca distribuiu brindes, copos, chapéus. Usou um espaço público para fazer cadastro de visitantes e coletar dados pessoais. Ganhou os holofotes e o Instagram da festa, onde um post sugere: ‘Aposte na cultura'”, escreveu a deputada.
Ainda na mesma publicação, apagada minutos depois, ela alertava para os riscos do vício em apostas.
“Mesmo diante dessa epidemia de vício, a Prefeitura deu palco e prestígio a uma casa de apostas. São João é alegria, é raiz, é encontro. Não pode ser palco para quem lucra com o desespero das pessoas”, disse.
A repercussão foi imediata, especialmente nas redes sociais, diante do fato de que o São João de Recife, governado por João Campos, também tem como patrocinador uma casa de apostas: o site Esportes da Sorte. Além disso, a capital pernambucana conta com redução do ISS para essas empresas, medida aprovada em abril deste ano. A alíquota caiu de 5% para 2%, com expectativa de arrecadação anual de R$ 60 milhões, conforme justificativa da Prefeitura.
Em outro trecho da publicação apagada, Tabata reforçava a preocupação com o impacto social das apostas. “Ou seja, o que era pra ser celebração da cultura virou peça de divulgação de um mercado bilionário — que cresce sobre a fragilidade de milhares de famílias. É assim que se naturaliza o vício. No Brasil de hoje, a cada aposta feita sem controle, tem alguém endividado, adoecido, viciado. E o mais grave: segundo dados da Receita, 21% dos recursos do Bolsa Família já foram parar em casas de apostas.”
Minutos após a repercussão, a deputada republicou a postagem com ajustes, justificando que a exclusão ocorreu por um erro no conteúdo original. “O post em questão foi apagado porque havia um erro e já está novamente no ar”, afirmou em nota.
Tabata também reiterou seu posicionamento a favor da regulamentação das apostas e citou um pacote de projetos de lei apresentados na Câmara para reduzir os impactos sociais do setor. Dentre os projetos estão:
- PL 2269/2025: proíbe publicidade irrestrita e exige alertas sobre riscos do vício;
- PL 2278/2025: restringe o acesso de pessoas vulneráveis, como inscritas no CadÚnico ou endividadas;
- PL 2280/2025: cria uma poupança compulsória com parte dos depósitos dos jogadores;
- PL 2279/2025: veda a participação de autoridades públicas em empresas do setor.
“O objetivo desse conjunto de propostas é impedir que esse setor bilionário continue operando sem controle, às custas da saúde mental e financeira da população”, concluiu a parlamentar.