Regis Dudena afirmou à Exame que novas campanhas sobre jogo responsável serão lançadas em breve
Nos primeiros 100 dias de regulamentação das apostas esportivas e jogos on-line no Brasil, o governo federal já bloqueou cerca de 11 mil bets ilegais. A informação foi revelada por Regis Dudena, secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, em entrevista exclusiva à Exame.
A atuação é parte de uma estratégia mais ampla para organizar e proteger o mercado brasileiro de apostas, considerado um dos maiores em potencial da América Latina. De acordo com Dudena, o combate aos sites irregulares foi possível graças a uma força-tarefa envolvendo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Ministério da Justiça e a Polícia Federal.
Parcerias
O bloqueio de bets ilegais não ocorre de forma isolada. Segundo o secretário, a Anatel cumpre papel fundamental no processo ao impedir o acesso dos brasileiros a plataformas não regulamentadas. A Polícia Federal, por sua vez, trabalha na identificação de operadores clandestinos que atuam fora das exigências estabelecidas pela nova lei.
Além disso, o Ministério da Fazenda articula acordos de cooperação técnica com outros órgãos públicos para fortalecer a fiscalização, ampliar a capacidade de monitoramento e criar bases de dados integradas.
“Nosso objetivo é retirar o espaço dos ilegais e permitir que o consumidor tenha acesso apenas a operadores devidamente licenciados“, destacou Dudena à Exame.
Conscientização
Embora o bloqueio de bets ilegais seja uma das frentes principais, Regis Dudena enfatiza que a mudança definitiva no setor só virá com a conscientização da sociedade. Por isso, o governo prepara o lançamento de novas campanhas publicitárias de educação e informação ainda este ano.
As campanhas terão como foco principal orientar os brasileiros sobre os riscos de acessar plataformas não autorizadas, reforçando a importância de apostar apenas em sites licenciados. Os materiais devem abordar temas como:
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Prevenção ao vício em jogos de azar;
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Combate à lavagem de dinheiro;
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Proteção de dados pessoais;
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Responsabilidade social das operadoras.
“Queremos criar uma cultura de jogo responsável no Brasil. A fiscalização é importante, mas educar o consumidor é fundamental para consolidar um mercado seguro e transparente”, explicou o secretário.
Geração de receita
A regulamentação das apostas esportivas e dos jogos on-line é vista pelo governo como uma oportunidade para fortalecer a arrecadação de tributos e fomentar o desenvolvimento de novas tecnologias no setor de entretenimento. Estimativas apontam que o mercado de apostas no Brasil pode movimentar bilhões de reais nos próximos anos.
Além de garantir segurança jurídica para investidores e apostadores, o novo marco regulatório estabelece padrões de integridade, exige licenciamento rigoroso e impõe requisitos de compliance às empresas interessadas em operar legalmente no país.
Para Dudena, a transparência e a responsabilidade são fatores-chave para o crescimento sustentável do setor. “Queremos um mercado competitivo, mas que respeite as normas e proteja a sociedade”, afirmou.
Prioridades
Entre as prioridades da Secretaria de Prêmios e Apostas para os próximos meses, além do reforço das ações de fiscalização e conscientização, estão:
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Concluir a fase de licenciamento de operadores;
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Implementar o sistema de monitoramento de apostas em tempo real;
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Estruturar uma base nacional de dados para análise de riscos;
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Ampliar a cooperação internacional com entidades de controle de jogos.
O governo também planeja lançar campanhas segmentadas para públicos específicos, como jovens adultos, considerados mais vulneráveis a práticas de jogo problemático.