Ativista venezuelana ganhou Prêmio Nobel da Paz por defesa da democracia no país
Autoridades norueguesas abriram uma investigação para apurar um volume atípico de apostas online envolvendo o nome da líder venezuelana María Corina Machado, vencedora do Prêmio Nobel da Paz 2025. O caso levantou suspeitas de vazamento de informações sigilosas antes do anúncio oficial do prêmio.
Segundo informações divulgadas pelos jornais Aftenposten e Finansavisen, as apostas em Machado dispararam repentinamente na plataforma Polymarket durante a madrugada de sexta-feira (10), poucas horas antes do anúncio feito pelo Comitê Norueguês do Nobel. De acordo com os dados da própria plataforma, houve uma concentração anormal de apostas específicas na candidata venezuelana.
O porta-voz do Instituto Nobel, Erik Aasheim, confirmou que o caso está sendo investigado.
“Estamos investigando o caso”, declarou Aasheim ao ser questionado pela imprensa local sobre o aumento repentino das apostas.
A decisão sobre o Nobel da Paz, que reconheceu a atuação pacífica da ativista na defesa da democracia na Venezuela, havia sido tomada pelo comitê de cinco membros na segunda-feira anterior ao anúncio. A líder foi informada apenas minutos após a divulgação oficial, realizada às 11h (horário local) desta sexta-feira, em Oslo.
De acordo com o Finansavisen, três contas do Polymarket lucraram juntas cerca de US$ 90 mil com as apostas na vitória de Machado.
Quem é María Corina Machado
María Corina Machado é uma engenheira e líder política venezuelana, conhecida por sua trajetória de resistência pacífica contra o regime de Nicolás Maduro. Fundadora do partido Vente Venezuela, ela se tornou uma das vozes mais proeminentes na defesa da democracia e dos direitos civis em seu país. Ao longo dos últimos anos, enfrentou perseguições políticas, proibições eleitorais e ameaças, mas manteve-se ativa na articulação de movimentos sociais que pedem transparência eleitoral e liberdade política na Venezuela.
Nascida em Caracas, em 1967, Machado formou-se em engenharia industrial pela Universidade Católica Andrés Bello e posteriormente cursou programas de liderança na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Sua atuação política começou no início dos anos 2000, quando participou da fundação da organização Súmate, dedicada à promoção de processos eleitorais justos e à fiscalização cidadã do voto. Em 2004, a entidade teve papel central na campanha pelo referendo que tentou revogar o mandato de Hugo Chávez, o que a tornou alvo constante de ataques do governo.
Ao longo da última década, María Corina consolidou-se como símbolo da resistência democrática latino-americana, sendo reconhecida internacionalmente por sua postura firme e pelo engajamento em causas de direitos humanos.