Ministro critica isenção do setor de apostas no governo anterior e reforça necessidade de aumentar a alíquota sobre a GGR
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, usou sua participação no programa Estúdio i, da GloboNews, nesta sexta-feira (27), para justificar o aumento do imposto das bets e criticar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em sua fala, Haddad questionou a falta de regulamentação das plataformas de apostas esportivas durante o governo anterior, apontando que o setor passou quatro anos sem pagar tributos, enquanto outros brasileiros seguiam contribuindo com o fisco.
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Haddad defende taxação de bets e ataca Bolsonaro: ‘O que ele tinha com bet pra abrir mão de quarenta bilhões de reais?
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nesta sexta-feira (27) que as casas de apostas ficaram quatro anos sem pagar tributos no Brasil. pic.twitter.com/gcxuJ31jMK
— Paulo Sergio Costa (@_paulovasco) June 28, 2025
Segundo o ministro, a omissão em taxar essas empresas resultou em uma perda estimada de R$ 40 bilhões em arrecadação. Ao defender a elevação da alíquota da Receita Bruta dos Jogos (GGR) de 12% para 18%, a partir de outubro, Haddad reiterou que o tratamento desigual dado ao setor precisa ser corrigido.
“Você acha normal uma bet ficar quatro anos sem pagar imposto nenhum, como se fosse uma Santa Casa de Misericórdia?”, afirmou.
O ministro fez uma comparação com os pequenos empreendedores do país, que seguem pagando impostos rigorosamente.
“A gente vai entrar no mesmo [modelo tributário]? Você que tem uma padaria, que tem um carrinho de cachorro-quente, que tem um Uber, tá pagando seu imposto. Uma bet não paga imposto?”, questionou.
Em tom mais contundente, Fernando Haddad levantou suspeitas sobre os interesses políticos do ex-presidente em manter o setor isento de tributação.
“Quarenta bilhões deixaram de ser arrecadados das bets durante o governo Bolsonaro. Isso não é discutido. Por que ele favoreceu as bets? O que ele tinha com bet pra abrir mão de quarenta bilhões de reais?“, provocou.
O ministro ainda defendeu que o tema da tributação das apostas precisa ser mais amplamente debatido, e reiterou que a atual gestão trabalha para equilibrar as contas públicas com base na justiça fiscal.
“Respondendo à tua pergunta: é que eu quero abrir isso, assim. Eu fico vendo as pessoas… a gente vai falar muito de tudo“, concluiu.
A fala de Haddad ocorre no momento em que o setor regulado de apostas mostra forte crescimento de arrecadação. De acordo com a Receita Federal, as bets já renderam mais de R$ 3 bilhões à União entre janeiro e maio deste ano — um salto exponencial de 40.000% em relação aos anos anteriores, resultado direto da regulamentação da GGR implementada em 2024.