Painel debateu papel da comunicação no mercado regulamentado
A comunicação foi tema de um dos painéis do EGR Power Summit Rio com o tema “Envolvendo diferentes perspectivas: Estratégias de diálogo com o público em um setor recém-regulamentado”. O debate foi moderado por Magnho José, editor e presidente da BNLData, e contou com a participação de Hugo Baungartner (CCO do Grupo Aposta Ganha), Marcio Malta (CEO da Sorte Online), Angelo Alberoni (country manager da Novibet) e Rodrigo Martinez Teixeira (diretor de CS e ouvidoria da Futuras Apostas).
Os participantes abordaram a construção de confiança, a adaptação de estratégias regionais e a transparência como pilares fundamentais para uma comunicação eficaz em um setor que ainda está se consolidando.
Para Hugo Baungartner, o mercado vai precisar se adaptar às novas regras.
“Eu acredito na força do Brasil e na força do governo brasileiro para que a gente possa, na parte de 1º de janeiro, arrancar com tudo isso regulamentado. Faz parte de todo o processo… acho que todo mundo vai começar, obviamente, não do zero, mas a gente vai começar no mercado sério. Como diz o Léo (Baptista), não existe mais o jeitinho, não tem espaço mais para esse jeitinho, ou nós nos adaptamos, e eu acho que todos nós aqui, que somos concorrência, que somos amigos, já entendemos que o mercado brasileiro vai ser assim e precisa ser assim“, afirmou.
Para ele, as operadoras vão começar 2025 com uma oferta menor.
“Todos nós já percebemos que o mercado é diferente e precisa ser diferente para que não só a secretaria acredite nesse mercado e defenda o jogo. Eu costumo dizer que infelizmente nós estamos passando por um processo de regulamentação sem a grande maioria do governo, pelo menos é a minha impressão, querer. Obviamente nós vamos começar dia 1ª de janeiro com uma oferta menor, nem todo mundo vai estar pronto, nem todo mundo vai ter aquele conteúdo de 5 mil diferentes jogos online para oferecer, vai ter 500, 200. Essas partes do processo e está tudo bem, todo mundo vai se adaptar e o brasileiro também e o mercado vai se adaptar“, disse.
Já Marcio Malta ressaltou e necessário reverter a imagem negativa da indústria.
“A nossa missão é contínua. Todos nós aqui, como líderes da indústria, temos que levar a mensagem do que, de fato, é o nosso setor. A percepção geral é que somos um monte de espertos querendo tirar vantagem dos consumidores, e isso é algo que precisamos reverter. A gente fala sobre uma certa crise institucional que a gente está vendo no setor”, disse Malta.
Ele enfatizou o trabalho a médio e longo prazo para melhorar a imagem pública da indústria, inspirando-se em outros setores que superaram crises similares.
” É um trabalho de médio a longo prazo, a gente tem boas inspirações para quem enfrentou essa crise como outros setores, como o agro, e hoje em dia o agro é pop, o agro é tudo. Você não vê nenhuma marca falando que o agro é pop, o agro é tudo. É um setor, hoje em dia, como um todo. Então, a gente vai precisar se unir. Até primeiro de janeiro acho que não é tempo, mas a gente precisa cada vez mais se unir para criar e para reverter um pouco essa imagem”, ressaltou.
Para Alberoni, o avanço do mercado brasileiro foi impulsionado por fatores como o PIX, que transformou a dinâmica das apostas online.
“Acho que o grande diferencial brasileiro é o que contou a operação online no Brasil, se chama PIX. Eu sou do tempo do boleto, que tinha que pagar o boleto, esperava para compensar 5 dias para poder fazer uma aposta ou jogar em um cassino. Então, o PIX, eu acho que ele transforma o mercado brasileiro em todo, e o mercado de IT, principalmente, traz para você um nível de aparelhamento digital que coloca o Brasil no centro dessa questão“, afirmou.
Ele também destacou o papel do Estado em compreender o potencial econômico do setor e em colaborar para seu fortalecimento.
“Eu acho que esse trabalho da SPA é fantástico, acho que eu tenho que tirar o chapéu. A gente vê a secretaria trabalhar normas de uma complexidade tão grande. Todas as normas têm seus defeitos, mas, se comparadas às normas fora do Brasil, são normas bem interessantes, e ajudam a trazer uma clareza para o mercado brasileiro, que é a tendência desse mercado brasileiro e, de fato, de ser um dos principais mercados a nível mundial. Agora, não basta a SPA remar sozinho. O Estado precisa realmente entende o potencial econômico que a gente tem, do ponto de vista de iGaming, porque o landbased (cassino físico) está chegando”, destacou.
Rodrigo Teixeira ressaltou a importância da regulação para incentivar práticas de jogo responsável e da sensibilidade em lidar com consumidores que apresentem problemas relacionados às apostas.
“É o formato mais transparente, regulamenta aquilo que interessa, que está bem aqui, coloca recurso para fazer isso. Que é uma área de entretenimento, regulamenta a nossa comunicação, como dito para os meus colegas, a gente passou por muitos que não foram tão legais de comunicação como o consumidor. Então, do meu ponto de vista, a nossa área é excelente. A parte de jogo responsável, que vai ficar na maioria dos casos com o pessoal de CX, é hoje, para mim, a área mais sensível que é a nossa regulamentação, ter que cuidar que também é a mais sensível e feedback do poder público e do público, porque eles estão preocupados de como nós vamos tratar os jogadores, não só do ponto de vista de relação, mas como nós vamos direcionar aqueles que estiverem gerando problemas para as suas próprias famílias ou para eles mesmos”, alertou.
Uso de influenciadores
Ao ser questionado por Magnho José sobre o papel de influenciadores no setor, Baungartner destacou a responsabilidade das marcas em evitar práticas prejudiciais.
“A indústria tem que fazer uma mea culpa. Porque eu acho que isso é como limbo jurídico no Brasil, muitas marcas, e não só as marcas ilegais, muitas marcas se aproveitaram desse limbo jurídico no Brasil e fizeram estratégias de marcas, liberaram a loucura. É preciso entender o produto e para quem estamos direcionando esse conteúdo”, afirmou.
Patrocínio
Questionado sobre o futuro dos patrocínios a clubes de futebol, Baungartner acredita que há uma tendência de estabilização nos valores praticados atualmente.
“Em relação aos patrocínios, eu acho que vai ter um ajuste, eu acho que é natural esse ajuste do mercado, a gente já encontra esse ajuste dos pacotes de televisão, a gente já consegue entender que é um mercado onde você vai ter um custo maior operacional, um custo maior tributário e um custo maior até para você fazer a sua marca prevalecer, então você tem que ser inteligente. Os clubes de futebol, eles andaram, navegaram nesses últimos 5 anos, basicamente no melhor dos mundos, um leilão de marcas impressionante, se você também trouxer para a realidade europeia, a realidade americana, você tem uma tendência de uma estabilização, até uma redução do valor do investimento, nunca mais vai ser até 15 anos atrás, eu acho que a indústria de gameplay, que foi assim na Inglaterra no início dos anos 2000, final dos anos 90, a indústria de gameplay foi a grande impulsionadora da Premier League naquela fase, então eu acho que o Brasil vai passar por um processo muito parecido. Agora, a gente precisa ter responsabilidade na hora de fazer também o patrocínio. Vou tirar um outro, último ponto, é a questão dos sub 20, sub 17, sub 18. Hoje patrocinadores importam o patrocínio, eles querem exposição de marca. Mas precisa mudar a mentalidade. Enquanto mudar a mentalidade do operador, a gente vai continuar sendo alvo de notícias, vão apontar nos delos, a gente vai continuar com alvo na nossa testa“, concluiu.