Atacante do Flamengo e irmão, Wander Júnior, responderão por fraude em apostas; juiz rejeitou acusação de estelionato
O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi transformado em réu pela Justiça do Distrito Federal sob a acusação de fraude em apostas esportivas. A decisão foi publicada nesta sexta-feira (25) pelo juiz Fernando Brandini Barbagalo, da 7ª Vara Criminal do DF. Além do jogador, o irmão Wander Nunes Pinto Júnior também vai a julgamento.
“Presentes os requisitos legais, RECEBO a denúncia em relação a Bruno Henrique Pinto e Wander Nunes Pinto Junior para serem processados pelo crime previsto no art. 200 da Lei nº 14.597/2023 – Lei Geral do Esporte”, afirmou o magistrado.
O magistrado rejeitou, no entanto, a denúncia por estelionato contra casas de apostas, que havia sido incluída pelo Ministério Público do DF (MPDFT). Segundo a decisão, faltou uma condição legal para dar andamento à acusação: a representação formal das vítimas, que seriam as próprias operadoras.
A denúncia foi recebida com base na Lei Geral do Esporte. A defesa do atleta ainda não se manifestou.
Acusações contra Bruno Henrique
De acordo com o MP, Bruno Henrique teria forçado a aplicação de um cartão amarelo durante a partida entre Flamengo e Santos, realizada em novembro de 2023, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.
No despacho, o juiz apontou que a investigação policial apresentou indícios de que o jogador teria atuado de forma deliberada para ser advertido e que Wander contribuiu incentivando o irmão, com o objetivo de obter vantagem financeira com apostas combinadas.
“A investigação policial apresentou elementos que indicam que o denunciado Bruno Henrique, de forma deliberada, teria atuado de forma intencional de modo a ser punido com cartão na partida questionada e que Wander Nunes teria contribuído para a ação do irmão ao incentivá-lo a agir de tal maneira, objetivando angariar com isso alguma vantagem financeira”, diz trecho da decisão.
Os promotores ressaltaram que o cartão foi “combinado” entre o atacante rubro-negro e o irmão.
“Assim, todos os acusados, cientes de que se tratava de um acontecimento já ajustado e encaminhado, efetivaram apostas ‘prevendo’ o mencionado cenário. No dia aprazado, então, 01/11/2023, durante a partida entre Flamengo e Santos, Bruno Henrique realmente cumpriu com a palavra dada a Wander e forçou um cartão amarelo já nos minutos finais da partida, sendo punido, logo depois, com o cartão vermelho, por ter xingado o árbitro”, destacou o texto.
A denúncia ainda descreve que, após ser citado, o atleta terá 10 dias para apresentar defesa.
Pedidos negados
Na mesma decisão, o juiz rejeitou aplicar medidas cautelares que haviam sido solicitadas pelo MP, como:
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Fiança de R$ 2 milhões;
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Proibição de criar contas em plataformas de apostas;
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Suspensão de contratos publicitários com casas de apostas;
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Veto a qualquer tipo de aposta direta ou indireta.
O magistrado também descartou tornar réus os outros sete denunciados por falta de requisitos legais no crime de estelionato.
Investigação
Segundo as apurações, Bruno Henrique teria informado antecipadamente ao irmão que provocaria intencionalmente um cartão amarelo no jogo contra o Santos. Wander, por sua vez, teria incentivado o plano e compartilhado a informação com terceiros, permitindo que eles apostassem em diferentes plataformas.
O aumento súbito no volume de apostas chamou atenção das casas, que bloquearam os pagamentos suspeitos.
A denúncia apresentada pelo MP envolve os crimes de fraude a resultado esportivo e estelionato contra operadoras — este último rejeitado pelo juiz, mas passível de recurso pelo MP.
Tanto Bruno quanto Wander podem recorrer da decisão que abriu a ação penal.