Debate encerrou o segundo dia do evento com análise de avanços e perspectivas do setor
Fechando a programação desta quinta-feira (14), o III Congresso Nacional de Loterias Municipais do Brasil apresentou o painel “Evolução regulatória, comercial e tecnológica das loterias municipais”. A discussão contou com Paulo Horn, presidente da Comissão de Jogos Lotéricos da OAB/RJ; João Victor Wallach, CEO da BetPilot; e Marco Taurisano, CEO da Kroopiê Consultoria e Treinamento em Loterias.
O painel abordou os avanços obtidos nos últimos anos, desde a consolidação do marco regulatório até o crescimento do mercado e a incorporação de novas tecnologias, destacando tendências que devem moldar o futuro das loterias municipais no Brasil.
Desafios da comercialização
Paulo Horn abordou as dificuldades históricas enfrentadas pelas loterias, especialmente no meio físico.
“Como que a Loterj, por exemplo, que não é banco, diferente da Caixa, poderia vender uma raspadinha física no mercado sem ter o meio de pagamento, sem ter o banco?”, questionou.
Ele detalhou como as loterias administravam o problema dos custos e barreiras de pagamento.
“Ela tinha que ter, às vezes, emitido um boleto que custava 2,5, 3 reais, a raspadinha era 1, ou seja, era impossível. Você buscava o cartão de crédito e diz, olha, o jogo não está aqui no nosso compliance e quando passava eles cobravam um valor absurdo”, afirmou.
Horn destacou como a tecnologia poderia ter mudado esse cenário.
“Se a gente tivesse na época a possibilidade do meio de pagamento do PIX, por exemplo, e os terminais de bilheteria, o mundo já seria outro”, falou,
E reforçou a importância de novos modelos de comercialização.
“Quando eu fui a um evento e vi também os terminais de bilheteria com loterias de prognóstico, com loterias instantâneas, isso aqui é meio também de comercialização. É o mesmo jogo. Só que eu estou vendendo ele numa outra roupagem que é este terminal e que facilita muito a compreensão dos nossos clientes”, afirmou.
Personalização e inteligência de dados
João Victor Wallach trouxe a perspectiva tecnológica, explicando como a personalização transformará a experiência do jogador.
“Quando você olha há 10 anos atrás e falava muito big data, né? Da big data a gente passou pra inteligência artificial… o que vai acontecer é uma personalização dos poderes atuais”, explicou.
Ele destacou o impacto da tecnologia na experiência digital.
“Você entra numa plataforma e, basicamente, mantém o mesmo visual pra todo mundo. Isso já mudou. Se você entrar num streaming, ele se adapta ao seu perfil, altera todos os filmes conforme sua preferência”, disse.
Ele aplicou a mesma lógica ao setor de loterias. “No setor de loterias, essa personalização vai transformar a jornada do usuário, seja em terminais físicos ou digitais. O sistema vai reconhecer quem você é e adaptar a experiência ao seu comportamento e aos seus gostos”, falou.
Wallach explicou como os dados podem servir às prefeituras e operadores.
“Imagina a prefeitura ter acesso aos dados de utilização dos produtos lotéricos? Qual o volume de jogo que tem, ou até usar esse terminal para oferecer outros serviços, não só os jogos… até para melhorar o próprio edital, na próxima renovação”, questionou.
Criatividade
Marco Taurisano reforçou que, apesar do digital, o físico ainda é essencial. “Se iGaming fosse só digital, Las Vegas já tinham falido. Na prática, o iGaming depende do físico. Isso é algo que chama atenção”, destacou.
Ele também comentou sobre a burocracia da máquina pública e pouca criatividade das loterias tradicionais no Brasil.
“A máquina pública é muito lenta e ineficiente. Consequência disso, temos hoje um mercado de loterias com 26 bilhões de arrecadação bruta, com 11 produtos. 47% está na mão de um produto, 89% em três produtos. Dos 11 produtos, 9 são prognósticos numéricos, um é esportivo, outro é mítico. Extremamente carente, pouco criativo, mas ainda assim só cresce”, disse.
Taurisano destacou a criatividade como pilar do serviço de loterias.
“O grande diferencial para o setor de loterias é a criatividade. Um exemplo é o Keno, uma loteria de prognóstico numérico, com 80 números. O sorteio acontece a cada 4 minutos. Super legal, divertido, segura o cliente dentro da loja”, afirmou.
“Outro exemplo é Cash for Life. Hoje temos a MegaSena, que representa 47% do mercado, mas três faixas de premiação não é divertido“, destacou.