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Pesquisa O GLOBO/Ipsos-Ipec revela perfil do apostador brasileiro

  • Última modificação do post:6 de setembro de 2025
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Homens, jovens, moradores do interior e de baixa renda concentram maior participação no mercado de apostas esportivas

Um retrato inédito do mercado de apostas esportivas no Brasil foi revelado pela pesquisa O GLOBO/Ipsos-Ipec, que identificou que 16,6% dos torcedores já realizaram apostas em partidas de futebol. O levantamento mostra um perfil dominante: homens, jovens, de baixa renda e moradores do interior.

Entre os entrevistados, 3% afirmaram apostar sempre, 1,8% frequentemente, 5,9% às vezes e outros 5,9% raramente. O estudo é o primeiro a dimensionar o comportamento do torcedor brasileiro no universo das plataformas de apostas, conhecidas como bets.

Perfil socioeconômico e regional

A renda é fator relevante. O maior grupo de apostadores está entre quem recebe de 2 a 5 salários mínimos (20,3%), seguido pelos que ganham entre 1 e 2 salários (17%) e pelos de renda acima de 5 salários (15,8%). Curiosamente, na faixa de até 1 salário mínimo, a proporção de apostadores é menor (12,7%), mas a frequência de apostas é maior.

No recorte regional, o Centro-Oeste lidera com 20,3% dos torcedores apostando, enquanto o Nordeste concentra o maior número de jogadores assíduos (4,3%). Já o Sul aparece como a região com menor adesão: apenas 1,8% dos torcedores apostam regularmente e 86,8% afirmam não apostar.

Outro dado importante é a predominância do interior, onde está a maior parte dos apostadores (17,3%). O pesquisador Emílio Tazinaffo avalia que a falta de diversidade cultural nessas localidades influencia o cenário:
— A gente entende que a aposta é mobilizada para o prazer. Em cidades pequenas, quais são outras possibilidades de prazer ou distração? — analisa.

Gênero e idade

As diferenças entre homens e mulheres também chamam atenção. Enquanto 22,9% dos homens apostam, entre as mulheres esse índice cai para 8%.

A pesquisa ainda mostra que as apostas são mais comuns entre jovens de 16 a 24 anos (25,5%), percentual muito próximo ao da faixa de 25 a 34 anos (24,4%). Porém, entre os que apostam sempre, os mais jovens se destacam: 7,2% contra 3,3% da faixa seguinte. O índice cai para 15,9% entre 35 e 44 anos, 11,9% de 45 a 59 anos e apenas 3,5% acima de 60 anos.

O estudante de medicina Antônio Gomes Júnior, de 24 anos, ilustra esse movimento. Ele começou a apostar influenciado por amigos e chegou a ganhar R$ 500 logo na primeira semana, mas depois mudou de postura:
— Na primeira semana, ganhei 500 reais e fiquei com o pensamento de que tinha que ganhar. Hoje em dia, não. Jogo por diversão, mais tranquilo.

Histórias do interior

O designer gráfico João Henrique Oliveira, de 25 anos, morador de Ruy Barbosa, na Chapada Diamantina (BA), também se enquadra no perfil descrito pela pesquisa. São-paulino, de classe média baixa, com renda entre 1 e 2 salários mínimos, ele considera as apostas uma forma de lazer acessível:
— Já apostei em outros esportes, mas o futebol é o que eu realmente paro para assistir e conversar com meus amigos. Gosto de apostar, mas preciso pelo menos entender o que é que eu estou apostando.

Com um gasto médio de R$ 20 por rodada, João enxerga a prática como entretenimento e não como forma de enriquecimento.

A influência da gamificação

De acordo com Tazinaffo, além da busca por ganhos financeiros, o fenômeno da gamificação ampliou a adesão dos jovens. Durante a pandemia, muitos passaram a usar jogos e apostas para manter a interação social:
— O adolescente tende a imitar o outro; é através da interação social que eles vão se desenvolvendo. Na pandemia, tudo isso ficou muito restrito à internet, eles passaram a usar os jogos para manter contato. Grande parte destes tem confluência com comportamentos de aposta.

Metodologia

A pesquisa foi realizada entre 5 e 9 de junho de 2025, com 2.000 pessoas de 16 anos ou mais, em 132 municípios brasileiros. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

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