Apostador Douglas Barcelos será punido com serviços comunitários, multa e proibição de usar plataformas de apostas
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) homologou, nesta segunda-feira (16), um acordo de não persecução penal (ANPP) firmado entre o Ministério Público do DF (MPDFT) e o apostador Douglas Ribeiro Pina Barcelos, conhecido como Dopô, no caso de manipulação de resultado envolvendo o jogador Bruno Henrique, do Flamengo. Ele é o único dos dez investigados que reconheceu envolvimento no esquema de apostas.
A homologação do acordo ocorre no âmbito das investigações sobre um suposto esquema que teria manipulado a aplicação de um cartão amarelo ao atacante Bruno Henrique durante uma partida contra o Santos, realizada no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, em novembro de 2023. Segundo o MPDFT, Douglas Barcelos confessou ter recebido antecipadamente a informação de que o jogador seria advertido na partida — o que configuraria fraude para fins de apostas.
Pelo acordo, Barcelos evita uma denúncia criminal formal, desde que cumpra os seguintes compromissos:
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Realizar 360 horas de serviço comunitário em até 18 meses;
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Pagar multa de R$ 2.322,13 a uma entidade beneficente, preferencialmente voltada ao combate à ludopatia;
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Não utilizar plataformas de apostas online no Brasil por dois anos.
Caso precise deixar o país, o acordo prevê a substituição das horas de serviço por um pagamento adicional de R$ 5.500,00. O MPDFT afirma que, se descumpridas as condições, o pacto pode ser anulado e o investigado será denunciado formalmente à Justiça.
Segundo os autos, Douglas Barcelos estava ligado a 13 contas de apostas com movimentações suspeitas, todas relacionadas ao jogo entre Flamengo e Santos. Ele teria lucrado ao menos R$ 1.180 com a informação privilegiada. Um áudio anexado à investigação revela que o apostador comemorou o ganho e relatou ter recebido a “dica” de um jogador da Série A, que seria Bruno Henrique.
O esquema, segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, envolvia apostas em eventos secundários — como aplicação de cartões — previamente combinados com jogadores. A participação de Barcelos, segundo o MP, ocorreu em ao menos três episódios de fraude contra duas plataformas de apostas esportivas.
A confissão de Barcelos fortalece o conjunto probatório contra os demais envolvidos, inclusive o próprio Bruno Henrique, que foi formalmente denunciado na última semana por fraude esportiva e estelionato. A Promotoria acusa o atleta de ter recebido o cartão amarelo de forma proposital, o que viola normas da ética desportiva, da integridade do esporte e do direito dos consumidores.
Outras oito pessoas, todas ligadas ao círculo familiar e social de Bruno Henrique, também foram denunciadas por participarem da operação do esquema. São elas:
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Wander Nunes Pinto Junior – irmão de Bruno Henrique, apontado como instigador e executor das apostas;
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Ludymilla Araujo Lima – companheira de Wander, forneceu dados pessoais para cadastro em plataformas;
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Poliana Ester Nunes Cardoso – prima do jogador, realizou apostas com base na informação privilegiada;
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Claudinei Vitor Mosquete Bassan – amigo de Wander, disseminou a informação e organizou apostas;
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Rafaela Cristina Elias Bassan – companheira de Claudinei, cedeu conta bancária;
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Henrique Mosquete do Nascimento – irmão de Claudinei, também apostou;
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Andryl Sales Nascimento dos Reis – amigo do grupo, realizou apostas e discutiu ganhos com os demais;
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Max Evangelista Amorim – apostador que comemorou ganhos em áudios interceptados.
A investigação também identificou que Douglas Barcelos demonstrou nervosismo durante a partida pela demora na aplicação do cartão, e que comemorou ativamente ao lado de Claudinei Bassan quando a advertência foi finalmente aplicada.
O Ministério Público ainda apura, de forma preliminar, outros esquemas de apostas suspeitas, inclusive em competições de cavalos. A defesa de Bruno Henrique informou que, no momento, não irá se manifestar. O caso segue em tramitação na 7ª Vara Criminal de Brasília.