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Justiça aceita acordo com apostador que reconheceu saber antecipadamente de cartão a Bruno Henrique

  • Última modificação do post:17 de junho de 2025
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Apostador Douglas Barcelos será punido com serviços comunitários, multa e proibição de usar plataformas de apostas

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) homologou, nesta segunda-feira (16), um acordo de não persecução penal (ANPP) firmado entre o Ministério Público do DF (MPDFT) e o apostador Douglas Ribeiro Pina Barcelos, conhecido como Dopô, no caso de manipulação de resultado envolvendo o jogador Bruno Henrique, do Flamengo. Ele é o único dos dez investigados que reconheceu envolvimento no esquema de apostas.

A homologação do acordo ocorre no âmbito das investigações sobre um suposto esquema que teria manipulado a aplicação de um cartão amarelo ao atacante Bruno Henrique durante uma partida contra o Santos, realizada no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, em novembro de 2023. Segundo o MPDFT, Douglas Barcelos confessou ter recebido antecipadamente a informação de que o jogador seria advertido na partida — o que configuraria fraude para fins de apostas.

Pelo acordo, Barcelos evita uma denúncia criminal formal, desde que cumpra os seguintes compromissos:

  • Realizar 360 horas de serviço comunitário em até 18 meses;

  • Pagar multa de R$ 2.322,13 a uma entidade beneficente, preferencialmente voltada ao combate à ludopatia;

  • Não utilizar plataformas de apostas online no Brasil por dois anos.

Caso precise deixar o país, o acordo prevê a substituição das horas de serviço por um pagamento adicional de R$ 5.500,00. O MPDFT afirma que, se descumpridas as condições, o pacto pode ser anulado e o investigado será denunciado formalmente à Justiça.

Segundo os autos, Douglas Barcelos estava ligado a 13 contas de apostas com movimentações suspeitas, todas relacionadas ao jogo entre Flamengo e Santos. Ele teria lucrado ao menos R$ 1.180 com a informação privilegiada. Um áudio anexado à investigação revela que o apostador comemorou o ganho e relatou ter recebido a “dica” de um jogador da Série A, que seria Bruno Henrique.

O esquema, segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, envolvia apostas em eventos secundários — como aplicação de cartões — previamente combinados com jogadores. A participação de Barcelos, segundo o MP, ocorreu em ao menos três episódios de fraude contra duas plataformas de apostas esportivas.

A confissão de Barcelos fortalece o conjunto probatório contra os demais envolvidos, inclusive o próprio Bruno Henrique, que foi formalmente denunciado na última semana por fraude esportiva e estelionato. A Promotoria acusa o atleta de ter recebido o cartão amarelo de forma proposital, o que viola normas da ética desportiva, da integridade do esporte e do direito dos consumidores.

Outras oito pessoas, todas ligadas ao círculo familiar e social de Bruno Henrique, também foram denunciadas por participarem da operação do esquema. São elas:

  • Wander Nunes Pinto Junior – irmão de Bruno Henrique, apontado como instigador e executor das apostas;

  • Ludymilla Araujo Lima – companheira de Wander, forneceu dados pessoais para cadastro em plataformas;

  • Poliana Ester Nunes Cardoso – prima do jogador, realizou apostas com base na informação privilegiada;

  • Claudinei Vitor Mosquete Bassan – amigo de Wander, disseminou a informação e organizou apostas;

  • Rafaela Cristina Elias Bassan – companheira de Claudinei, cedeu conta bancária;

  • Henrique Mosquete do Nascimento – irmão de Claudinei, também apostou;

  • Andryl Sales Nascimento dos Reis – amigo do grupo, realizou apostas e discutiu ganhos com os demais;

  • Max Evangelista Amorim – apostador que comemorou ganhos em áudios interceptados.

A investigação também identificou que Douglas Barcelos demonstrou nervosismo durante a partida pela demora na aplicação do cartão, e que comemorou ativamente ao lado de Claudinei Bassan quando a advertência foi finalmente aplicada.

O Ministério Público ainda apura, de forma preliminar, outros esquemas de apostas suspeitas, inclusive em competições de cavalos. A defesa de Bruno Henrique informou que, no momento, não irá se manifestar. O caso segue em tramitação na 7ª Vara Criminal de Brasília.

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