A ABMES publicou um estudo relacionando o mercado de apostas à evasão de jovens do ensino superior no Brasil
Um fato curioso chama a atenção no caso que envolve o encerramento da operação da HanzBet. A empresa apontada pelos fundadores da marca como responsável por romper unilateralmente a parceria e desviar sua base de clientes tem como um dos participantes do quadro societário uma empresa dirigida Janguiê Diniz, presidente da ABMES — a mesma associação que recentemente publicou um estudo relacionando o mercado de apostas à evasão de jovens do ensino superior no Brasil.
Segundo denúncias públicas feitas pelos fundadores da HanzBet, a EA Entretenimento e Esportes Ltda., empresa à qual a marca estava alocada, teria assumido o controle da operação de forma arbitrária, excluído os sócios da gestão financeira, encerrado as atividades sem aviso prévio e redirecionado clientes da HanzBet para uma nova plataforma controlada pelo mesmo grupo: a Bateu Bet.
“É com profundo pesar e indignação que comunicamos o encerramento abrupto das operações da marca HanzBet, ocorrido de forma unilateral, autoritária e sem qualquer tentativa de diálogo amigável”, diz um trecho do comunicado oficial da NT Empreendimentos Digitais, empresa cofundadora da HanzBet.
O caso se agravou com novas denúncias sobre o desvio da base de clientes, feitas por Eduardo Peres, um dos fundadores da marca:
“Detectamos — e estamos denunciando publicamente — um desvio intencional de usuários e clientes via canal de suporte. Estão direcionando nossa base para outra marca da própria estrutura empresarial: a BateuBet. Temos provas em vídeo e imagem desse movimento interno, feito de forma oculta e desleal”, afirmou Peres.
ABMES
A empresa EA Entretenimento é ligada à holding Epitychia Investimentos e Participações Ltda. Segundo dados públicos da Receita Federal, o sócio e administrador da Epitychia é Janguiê Bezerra Diniz. Ele também preside atualmente a ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior) — entidade que, no início de julho, ganhou repercussão nacional ao divulgar um estudo que aponta o impacto negativo do mercado de apostas sobre a formação universitária no país.
A pesquisa, realizada em parceria com a Educa Insights, revelou que 34% dos jovens entre 18 e 35 anos deixaram de iniciar a graduação em 2025 devido a gastos com apostas online. Entre os já matriculados, 14% relataram ter atrasado mensalidades ou trancado o curso por prejuízos com as bets.
Até o momento, a empresa não se pronunciou sobre as denúncias. O espaço segue aberto para manifestação.