Segundo Leonardo Sakamoto, do UOL, ‘ambos causam mal à saúde de indivíduos e destroem famílias’
O colunista Leonardo Sakamoto, em sua coluna no UOL deste domingo (5), fez uma forte crítica às casas de apostas, defendendo que “anúncios de bets podem e devem ser banidos do futebol, das TVs, das rádios, de portais de internet”. Ele comparou o impacto das apostas ao uso de crack, afirmando que “ambos causam mal à saúde de indivíduos e destroem famílias”, sendo que um usuário de entorpecentes poderia ser preso, assaltado ou morto a caminho de uma “boca”, enquanto o acesso às plataformas pode ser feitos pelo celular, com “a benção do Estado brasileiro”.
A recente decisão do Ministério da Fazenda de proibir a presença de bets na Copa São Paulo de Futebol Júnior foi alvo de reprovação. Para o jornalista, a medida é insuficiente. “Clubes estão cobrindo os nomes das casas de apostas com fita adesiva, o que é o mínimo, mas não o bastante”, alegou.
Sakamoto pede a extensão da medida para todos os campeonatos do país. “Parte significativa do público dos campeonatos estaduais e nacionais é de crianças e adolescentes, sozinhos ou acompanhados dos responsáveis, a mesma leitura poderia e deveria ser feita para o resto dos torneios“, afirmou.”
Ele também criticou o argumento de que as apostas ajudam a manter o futebol. “Se o principal esporte nacional só vai funcionar promovendo a pilhagem de trabalhadores, então o futebol se tornou inviável e precisa ser repensado”, disse. Segundo Sakamoto, as plataformas causam um “caos social”. “As plataformas estão construindo um caos social, principalmente entre os trabalhadores pobres – que perdem o dinheiro da própria sobrevivência acreditando que podem ficar ricos facilmente”, argumentou.
Outro ponto atacado na matérias foram as mensagens de “jogue com responsabilidade” nas propagandas de apostas. O colunistaas comparou a “um traficante na ‘cracolândia’ vender uma pedra e alertar: fume com moderação“. Sakamoto enfatizou que “as casas de apostas lucram exatamente com o comportamento compulsivo promovido por elas mesmas”.
Sakamoto exigiu medidas mais rígidas dos parlamentares e falou que tanto o Congresso quanto o Governo precisam ter “coragem” para adotá-las. “O Congresso Nacional não deveria ter aprovado o funcionamento desse tipo de empresa sem a previsão de cobrança de impostos e a proibição de anúncios“. Segundo ele, “já foi feito isso com o cigarro e outros produtos. Por que não aplicar o mesmo princípio aqui?”, falou.
Por fim, comparou o mercado de apostas à venda de crack. “Não faz sentido anúncios de bets serem liberados e os do crack não, considerando que ambos causam mal à saúde de indivíduos e destroem famílias. O pior é que a jogatina está acessível a um celular de distância, com a benção do Estado brasileiro, enquanto comprar pedra oferece o risco de ser preso, assaltado ou morto de quem for até a boca”, concluiu.