Segundo João Lucas Papa, proteção poderia mitigar danos não apenas financeiros, mas também de responsabilidade
O recente ataque cibernético à Betfair, que expôs dados de cerca de 800 mil usuários no Reino Unido e Irlanda, reacendeu o debate sobre seguro digital no setor de apostas esportivas — inclusive no Brasil. Embora a empresa tenha informado que senhas e dados de pagamento não foram acessados, os hackers obtiveram informações como nomes, e-mails, endereços parciais e dados técnicos dos dispositivos usados pelos clientes da Betfair e da marca irmã Paddy Power, ambas sob o controle da Flutter Entertainment.
A invasão, que já foi contida segundo comunicado da empresa, motivou notificações imediatas às autoridades britânicas e irlandesas. O caso, no entanto, expõe uma fragilidade comum ao setor do iGaming: a dependência de sistemas digitais de alto valor e sensíveis à violação de dados.
No Brasil, o episódio serve de alerta. O país vive a expansão do setor após a regulamentação federal das apostas esportivas, o que amplia o volume de dados e transações processadas por operadores licenciados. Diante disso, cresce a importância da adoção de seguros cibernéticos como parte integrante da operação, como defende João Lucas Papa, secretário-geral da Associação Brasileira do Jogo Positivo.
“Temos observado que as operações digitais da indústria Gambling estão, cada vez mais, na mira dos cibercriminosos. Não apenas pela alta movimentação financeira envolvida, mas pela grande quantidade de consumidores, que resulta em uma imensidão de dados – pessoais e bancários –, operadoras de apostas, jogos e cassino têm sido constantemente alvo de ataques hackers”, afirmou Papa.
Ele explica que, para casos como o da Betfair, a cobertura de proteção de dados, que pode ser incluída em seguros contra riscos cibernéticos, poderia mitigar os danos não apenas financeiros, mas também de responsabilidade.
“Para este caso específico da Betfair, que afetou quase 1 milhão de usuários, a cobertura de Proteção de Dados, do Seguro contra Riscos Cibernéticos, poderia garantir a restituição de perdas financeiras decorrentes do ataque hacker, além de cobrir custos de eventuais multas pelo descumprimento da LGPD, devido ao vazamento dos dados, algo que pode levar até à interrupção parcial ou total das atividades da empresa”, destacou.
Atualmente, poucos operadores brasileiros contam com esse tipo de proteção especializada, apesar da crescente digitalização e do rigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para o representante da Jogo Positivo, esse tipo de apólice precisa ganhar espaço nos planos de gestão de risco do setor.
“Os seguros podem e devem fazer parte da rotina da indústria Gambling, pois contribuem muito com a saúde das operações, além de proteger executivos, colaboradores e consumidores”, concluiu.