Banco bloqueia transações de clientes que ultrapassam limite da conta em sites de apostas
O C6 Bank adotou uma medida inédita para evitar o endividamento de seus clientes que realizam apostas esportivas. A instituição passou a bloquear o uso do cheque especial e do cartão de crédito para transações em casas de apostas, proibindo operações que ultrapassem o saldo disponível na conta-corrente.
A nova regra impede que correntistas usem dinheiro que não possuem para realizar apostas. Ao tentar efetuar uma transação via TED, TEF ou Pix, o usuário recebe a seguinte mensagem:
“Transações via TED, TEF e Pix: Não é permitida a realização de transações que excedam o limite da conta corrente para a realização de apostas.”
O banco justifica a decisão pelo cenário de superendividamento da população com jogos de apostas, afirmando que a política de bloqueio visa proteger a saúde financeira dos clientes.
“Atento ao cenário de superendividamento da população com jogos de apostas, o C6 Bank adota como política o bloqueio do uso do cartão de crédito e do cheque especial para a realização de apostas em casas de bets”, declarou a instituição em nota oficial.
Sumário
Outros bancos
O C6 Bank não é a única instituição financeira que passou a adotar restrições em relação às apostas esportivas. O Bradesco, por exemplo, não bloqueia diretamente as transações, mas exibe um alerta de risco para seus clientes antes da confirmação de um Pix destinado a plataformas de apostas. O banco informa aos usuários que não há garantia de retorno financeiro, aconselhando-os a buscar opções mais seguras para investir seu dinheiro.
O aviso enviado pelo aplicativo do banco diz:
“Apostas não garantem retorno financeiro e o dinheiro pode ser totalmente perdido. Cuide de sua saúde financeira e procure opções mais seguras para valorizar o seu dinheiro.” Após a mensagem, o banco apresenta duas opções ao usuário: continuar com a transação ou cancelar a operação.
O Nubank já havia adotado medida semelhante ao identificar chaves Pix ligadas a casas de apostas. No alerta exibido aos clientes, o banco digital sugeria alternativas para o uso do dinheiro: “Que tal guardar esse dinheiro?”
Setor reage
A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), entidade que representa diversas empresas do setor de apostas no Brasil, se manifestou contra as restrições impostas pelos bancos. A entidade criticou o que considera um tratamento desigual ao setor, reforçando que as apostas esportivas são uma atividade legalizada e regulamentada no Brasil.
Sobre a decisão do Bradesco, a ANJL classificou a mensagem de alerta como um posicionamento indevido, visto que o setor faz parte da economia formal do país. Já em relação ao bloqueio total de transações no C6 Bank, a entidade foi mais incisiva, alegando que a medida tem caráter seletivo.
“Não apoiamos que uma pessoa endividada faça apostas, mas também não é coerente que o bloqueio da conta seja apenas ao gasto feito para este setor”, argumentou a ANJL.