Empresas já patrocinam ao menos sete campeonatos amadores no estado
As bets estão ganhando espaço no futebol de várzea em São Paulo, marcando presença além dos grandes estádios. Segundo levantamento da Agência Mural, ao menos sete competições amadoras já receberam patrocínios de casas de apostas, e algumas decisões permitiram que torcedores fizessem apostas nos resultados. Essa entrada traz a promessa de investimentos financeiros para revitalização de campos, uniformes e organização de eventos, fortalecendo a ligação comunitária que caracteriza o esporte amador. No entanto, levanta questões sobre o impacto financeiro nas comunidades, especialmente em regiões periféricas, onde parte da população já compromete renda com esse tipo de jogo.
Uma das marcas mais presentes nesse cenário é a F12 Bet, que patrocina competições importantes como a Copa Negritude, Copa Macaco Louco, Real Sport, Copa do Busão, 9 de Julho e Copa Pioneer. Esta última também contou com patrocínio da plataforma de vendas online Netshoes. Segundo a agência, a final da Copa Negritude, entre Arsenal e Pioneer, já contou com apostas nos aplicativos, de acordo com os organizadores do torneio.
Outras casas de apostas também marcam presença, como a Bet365, que patrocinou a Copa da Paz, e a Esportes da Sorte, parceira da Copa Martins Neto. Vários times também têm patrocínios diretos: o Flamengo da Vila Maria é apoiado pela Esportes da Sorte, o Raça Ruim da Vila Matilde já teve patrocínio da Vai de BET, e o Jardim Veronia é patrocinado pela F12 Bet.
De acordo com Isaque Queiroz, representante da F12 Bet, o mercado de apostas no futebol de várzea é promissor e tem potencial para crescer. “As bets enxergaram que têm entrada aqui e estão começando a investir, abraçando as comunidades também. É um mercado gigante, que tem mais potencial do que é utilizado hoje”, disse.
No entanto, ele ressalta que ainda há desafios. “Os times e copas ainda não estão 100% organizados para receber mais investimento, mas isso pode mudar”, falou.
O futebol amador de São Paulo é um fenômeno no Brasil, com forte apelo comunitário. Em alguns bairros paulistanos, a paixão pelos times locais supera até mesmo o interesse por clubes profissionais. Esse mercado já movimenta recursos consideráveis por meio da venda de camisas e outros produtos, mas a entrada das casas de apostas promete expandir ainda mais o alcance e a profissionalização do esporte.
“A gente vê já o exemplo hoje da Supercopa Pioneer, que pela organização e pelo investimento conseguiu atrair grandes marcas. Isso pode acontecer com outras copas também”, diz Isaque.
Diego Oliveira, 37, responsável pela página Varzianos, que acompanha de perto o futebol de várzea, também vê a presença das casas de apostas como uma oportunidade de crescimento.
“Devemos utilizar esse apoio financeiro como ferramenta para nos estruturar e expandir o esporte amador“, destacou. Ele, no entanto, faz um alerta sobre o impacto das apostas: “Casa de aposta não é brincadeira, tem que ser sempre lembrado que é um jogo de azar e a comunidade tem que entender que a chance de acertar um placar ou acontecimento em jogos não é 100%”, alertou.
Diego também alertou para a responsabilidade com a atividade. “Para quem se associar a casas de apostas, que tenha a responsabilidade de deixar isso claro: o usuário comum não fica rico com casas de apostas“, concluiu.