Segundo Presidente do TCU, ‘tecnologia permite rastrear padrões de forma eficiente sem quebrar sigilo’
O Tribunal de Contas da União (TCU) está intensificando o controle sobre a utilização de recursos públicos em apostas esportivas, como parte de uma iniciativa mais ampla de assegurar transparência e rastreabilidade nas finanças públicas. Em entrevista ao Valor Econômico, o presidente do TCU, ex-senador Vital do Rego, afirmou que o foco está em “garantir que os recursos públicos sejam utilizados corretamente”. Recentemente, o mandatário defendeu a participação da Corte Financeira em atuação de bets.
Vital do Rego destacou que usuários de benefícios sociais teriam participado de apostas esportivas. “Detectamos que benefícios sociais, como o Bolsa Família, estavam sendo usados em apostas. Isso é preocupante, pois impacta a segurança social e a saúde pública“, declarou.
O presidente do TCU detalhou os padrões de comportamento considerados suspeitos. “Estamos observando três situações principais: o uso de recurso por pessoas que estão diretamente beneficiadas para apostas; o uso de CPFs por terceiros, como ‘laranjas’, para movimentações irregulares; e até mesmo a participação de redes organizadas que podem explorar essa situação de forma mais ampla”, afirmou.
Proteção de dados
Questionado sobre a proteção das informações, Vital assegurou que não há violação de dados. “Sim, as informações vieram anonimizadas. Nós não precisamos de CPFs ou dados pessoais para realizar análises agregadas. Nossa tecnologia permite rastrear padrões de forma eficiente sem violar o sigilo“, disse.
Ele enfatizou que essas informações serão utilizadas para subsidiar regulamentações mais eficazes. “Elas serão cruzadas com outros bancos de dados para identificar padrões de uso indevido e apontar soluções regulatórias. Nosso papel é fornecer informações precisas ao Congresso e ao Executivo para que medidas eficazes sejam tomadas”, explicou.
Segundo Vital do Rego, a questão central é garantir um controle rigoroso e mecanismos que assegurem a transparência e a rastreabilidade. “Esse é o nosso compromisso: garantir que a execução orçamentária seja legal, transparente e acessível ao cidadão brasileiro“, reiterou.