Entidade questiona riscos sociais e endividamento caso banco público entre no mercado de apostas esportivas
A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) manifestou preocupação com a proposta de criação de uma plataforma de apostas esportivas vinculada à Caixa Econômica Federal, a “Bet da Caixa”. Para a entidade, a medida representa um afastamento da missão social histórica do banco público e pode trazer sérios impactos sociais à população brasileira.
Segundo a Fenae, a entrada da Caixa no setor de apostas, por meio de uma “bet” própria, pode estimular comportamentos de risco, como o jogo compulsivo, além de agravar o endividamento de milhões de famílias. A federação argumenta que, em vez de atuar em segmentos de especulação e incerteza, o banco deve continuar a cumprir seu papel de fomento social, financiando habitação, políticas públicas e programas voltados à população de baixa renda.
“O papel da Caixa é promover o desenvolvimento social, financiar a casa própria, fomentar políticas públicas e atender a população mais vulnerável. Essa medida vai na direção oposta da sua história”, afirmou o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.
Takemoto destacou que o vício em jogos é uma questão de saúde pública e que a criação de uma plataforma de apostas sob responsabilidade de um banco estatal pode ampliar o problema. “Já temos uma parcela expressiva da população comprometendo boa parte da renda com dívidas e apostas. A criação de uma ‘Bet da Caixa’ pode agravar esse cenário”, alertou.
O dirigente reforçou ainda que a instituição precisa permanecer voltada ao interesse coletivo, e não ao lucro. “Não é papel de um banco público incentivar esse tipo de jogo. A Caixa é patrimônio do povo brasileiro e deve continuar a ser instrumento de inclusão e justiça social, não de especulação e risco”, disse Takemoto.
“O país precisa de uma Caixa fortalecida e voltada para o bem-estar coletivo — não de uma instituição que siga a lógica do mercado, buscando lucro a qualquer custo”, completou.