Adélia de Jesus Soares deve ser ouvida em duas semanas
A CPI das Bets decidiu reconvocar a advogada Adélia de Jesus Soares, proprietária da Payflow Processadora de Pagamentos Ltda., após ela ter se recusado a responder às perguntas dos parlamentares nesta terça-feira (18). Alegando sigilo profissional, a advogada não prestou esclarecimentos sobre seu indiciamento pela Polícia Civil do Distrito Federal pelos crimes de falsidade ideológica e associação criminosa.
Mesmo em sessão fechada, realizada após a audiência pública, os parlamentares consideraram as respostas insuficientes. O presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR), afirmou que a convocada não esclareceu questões essenciais e, por isso, deverá comparecer presencialmente à comissão dentro de duas semanas.
No depoimento à CPI, Adélia Soares justificou sua negativa afirmando que seu trabalho se limitava à formalização de contratos de publicidade com influenciadores e empresas. No entanto, os senadores apontaram contradições e lacunas nas explicações.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) lamentou a falta de colaboração da convocada e questionou sua postura diante das evidências levantadas pela comissão:
“O que a senhora poderia dizer para os senadores para dizer que não tem nada com isso? Porque, na prática, tudo que a gente tem leva a ter certeza da conivência e da participação da Payflow. Para mim, quem cala consente, né? A CPI dá oportunidade para as pessoas que são inocentes a prestarem as suas informações. Infelizmente, a gente não teve essa colaboração porque, evidentemente, está comprometida lá, né?”, questionou
Diante da resistência da depoente, a CPI das Bets optou por realizar uma sessão fechada, em que Adélia participou de forma remota. No entanto, segundo o senador Dr. Hiran, as informações continuaram incompletas, especialmente no que diz respeito às transações financeiras e relações comerciais da Payflow com empresas e empresários chineses.
Nova convocação
A CPI determinou que Adélia de Jesus Soares compareça novamente à comissão dentro de duas semanas, dessa vez presencialmente. O objetivo é obter respostas mais claras sobre suas atividades na Payflow, incluindo possíveis ligações com influenciadores digitais e empresários estrangeiros envolvidos no setor de apostas.
Segundo a Agência Senado, um inquérito policial conduzido pela Polícia Civil do Distrito Federal já identificou indícios de irregularidades em contratos e movimentações financeiras associadas à Payflow, reforçando o interesse da CPI em esclarecer o papel da advogada nesses processos.
Com o avanço das investigações, a CPI das Bets busca mapear o fluxo financeiro das plataformas de apostas no Brasil e entender o impacto dessas operações no sistema econômico e na integridade do esporte nacional.
A nova audiência com Adélia Soares deverá ocorrer em abril, quando os senadores esperam que a convocada traga informações mais detalhadas sobre seu envolvimento no setor de pagamentos ligado às apostas esportivas.
Gabriel Galípolo
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets aprovou, nesta terça-feira (18), a convocação do presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, para prestar esclarecimentos sobre a fiscalização das apostas esportivas online no país. A convocação ocorre em um momento em que o setor movimenta bilhões de reais e levanta questionamentos sobre fluxo financeiro, mecanismos de pagamento e possíveis irregularidades, como lavagem de dinheiro e evasão de divisas.