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Bets já miram seguros para operações; conheça os principais produtos para o setor

  • Última modificação do post:21 de fevereiro de 2025
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Com crescimento e regulamentação do mercado, casas de apostas buscam proteção para minimizar riscos operacionais

O mercado de apostas esportivas no Brasil está em plena expansão, e com ele surgem novos desafios para a segurança financeira das operações. As casas de apostas online agora buscam no mercado de seguros formas de minimizar riscos e garantir proteção jurídica e operacional. Entre os mais procurados, estão produtos como o seguro de responsabilidade civil para executivos (D&O) e o seguro contra riscos cibernéticos.

Segundo João Lucas Papa, secretário-geral da Associação Brasileira do Jogo Positivo (AJP), essa parceria é fundamental para a sustentabilidade do setor.

“A cooperação entre as bets e as seguradoras é estratégica. Estamos falando de um setor que poderá gerar mais de 100 mil empregos e movimentar R$ 200 bilhões no Brasil”, afirma Papa. Ele também destaca a contribuição das apostas para a economia brasileira, com uma expectativa de arrecadação de R$ 12 a R$ 20 bilhões em impostos e taxas em 2025.

Riscos

Desde a liberação das apostas esportivas em 2018, o setor cresceu rapidamente no Brasil, impulsionado por fortes investimentos em publicidade e marketing. No entanto, sem regulamentação inicial, muitas operações foram alvo de críticas devido ao impacto financeiro negativo em consumidores.

Uma pesquisa da Fecomércio-SP revelou que 41% dos apostadores utilizam dinheiro que antes era destinado a outros tipos de entretenimento.Outros 20% teriam usado valores reservados para contas essenciais, incluindo alimentação e vestuário.

No mesmo período, o Itaú divulgou que os brasileiros perderam R$ 23,9 bilhões em apostas entre junho de 2023 e junho de 2024, com grande parte dessas perdas concentrada nas classes mais baixas. Ao todo, o setor movimentou R$ 68,2 bilhões no período.

Com a regulamentação avançando em 2025, 148 bets já receberam autorização para operar no Brasil, segundo a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), do Ministério da Fazenda. Para atuar legalmente, cada empresa teve que pagar R$ 30 milhões em outorga. Esse processo trouxe maior credibilidade ao setor, o que reforçou a necessidade de mecanismos de proteção como os seguros corporativos.

Conheça os mais buscados

Apesar da percepção de que seguradoras e casas de apostas são setores opostos, a verdade é que as bets dependem de seguros para minimizar riscos e garantir a continuidade de suas operações. Entre os produtos mais buscados pelas operadoras no Brasil, destacam-se:

  • Seguro D&O (Directors & Officers Liability Insurance) – Protege executivos e diretores de casas de apostas contra processos jurídicos e riscos financeiros decorrentes da administração da empresa. Esse seguro é essencial para atrair investidores e gestores experientes.
  • Seguro contra riscos cibernéticos – Apostas esportivas dependem de plataformas digitais, tornando-se alvos frequentes de ataques hackers. A Stake, uma das maiores bets do mundo, sofreu um ataque cibernético em 2024, perdendo cerca de R$ 200 milhões. O prejuízo não comprometeu suas operações, mas expôs a vulnerabilidade do setor.

Ainda existe uma dificuldade de aceitação no mercado, mas temos visto avanços. Toda atividade lícita pode e deve ter proteção securitária”, afirma Yves Lima, diretor de linhas financeiras da corretora Howden. Ele também destaca a importância da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que obriga empresas a garantirem a segurança das informações dos clientes.

Resistência das seguradoras

Apesar da crescente demanda por seguros no setor de apostas, muitas seguradoras ainda hesitam em oferecer cobertura para operadoras de bets. Os motivos incluem questões regulatórias, risco reputacional e falta de previsibilidade do mercado.

Em mercados mais maduros como Estados Unidos e na Europa, porém, seguros específicos já fazem parte da rotina das casas de apostas. Países como Reino Unido, França e Estados Unidos oferecem modelos regulatórios mais estáveis, o que favorece a aceitação do setor pelas seguradoras.

Como funciona o seguro para bets no exterior?

  • Reino Unido – A região apresenta uma alta taxa de canalização, com cerca de 95% das apostas feitas em operadoras regulamentadas, como a Bet365. O Lloyd’s of London, maior mercado de resseguros do mundo, oferece coberturas especializadas para o setor.
  • França – Regulada pela Autorité Nationale des Jeux (ANJ), o país exige protocolos rígidos de segurança, elevando a demanda por seguros cibernéticos e compliance.
  • Estados Unidos – Com a legalização das apostas esportivas em diversos estados desde 2018, seguradoras como AIG e Swiss Re já oferecem produtos customizados para operadoras do setor.

Regulamentação 

No Brasil, a regulamentação exige que as casas de apostas tenham sede e administração no país, afastando a preocupação com empresas offshore. Segundo João Lucas Papa, a afirmação de que a maior parte das bets opera fora do Brasil não é mais válida.

“A Lei 14.790 exige que somente serão elegíveis à autorização para exploração de apostas de quota fixa as pessoas jurídicas constituídas segundo a legislação brasileira, com sede e administração no território nacional”, reforça Papa.

Com esse novo cenário, empresas que conseguirem demonstrar solidez financeira, boas práticas de governança e gestão de riscos terão mais chances de se destacar e atrair novos investidores e seguradoras.

Para Papa, o Brasil seguirá a tendência internacional e verá uma maior integração entre seguradoras e casas de apostas, consolidando um mercado mais transparente e seguro.

Toda atividade lícita pode e deve ter proteção securitária“, conclui.

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